Fazendo peças cortadas no viés

Olá!

Vocês acreditam que coincidências não existem?
Eu não só acredito como tenho isso quase que como um lema de vida, sério!

Na segunda-feira passada eu contei aqui no blog o “causo” do corte das nossas blusas em tecidos levinhos. Faltou eu contar que além do tecido ser levinho e deslizar, a blusa era cortada em viés, o que só dificultava mais um pouco, rs!

Na terça-feira eu recebi um newsletter por email com dicas de como fazer uma peça cortada em viés, vejam só!

Mas antes de entrar no assunto das dicas, o que é cortar em viés?
Aqui está um um esquema simples de um tecido plano para ajudar a visualizar:

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Ourela (destacadas em vermelho): bordas mais rígidas do tecido, usadas como referência para o corte.

Trama: Perpendicular às ourelas, também é conhecida como o “contra-fio” do tecido.

Urdume: Paralela às ourelas, também é conhecido como o “fio” do tecido. As peças que não são cortadas em viés geralmente são cortadas respeitando este sentido.

Viés: corte a 45 graus da ourela, da trama ou do fio.

Ou seja, o tecido cortado em viés, a 45 graus em relação ao fio do tecido, tem mais elasticidade e caimento que o tecido cortado no sentido do fio ou no contra-fio.

Isto posto, compartilho com vocês (traduzidas, adaptadas e comentadas por mim e pela Ana) as dicas que eu recebi no newsletter Snippets, da Colette Patterns:

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O newsletter original (em inglês) pode ser visto aqui.

Dicas para tornar fácil a costura de peças cortadas no viés

Costurar peças cortadas em viés pode ser um pouco complicado. Porque as peças em viés são cortadas na diagonal, elas esticam. Isso permite ter um caimento que corresponde às curvas do corpo, o que deixa a peça mais ajustada ao corpo e confortável.

Porém, este mesmo estiramento do tecido pode tornar a costura dele um desafio. Tente algumas destas dicas para ajudar você a dominar o corte em viés:

Escolha o tecido certo. Escolha um tecido leve com um bom caimento para uma blusa. Para vestidos, aposte tanto nos tecidos leves ou de leves a médios.

Faça uma peça de prova. Certifique-se de solucionar todos os desafios de modelagem antes de cortar seu tecido. Isso é uma regra para quase toda peça e é especialmente importante trabalhar as torções do tecido ainda na prova quando se usa um molde em viés. Tente usar um tecido similar em peso e caimento ao seu tecido final.

Estabilize. Use um estabilizador para tecidos esvoaçantes ou escorregadios. O favorito do autor é o Sullivan’s Spray Stabilizer (Nota: A gente não conhece nada equivalente aqui no Brasil. Este spray deixa o tecido duro, como congelado. Depois, ao amassá-lo, ele sai do tecido como se fosse uma poeira. Inclusive ficamos na dúvida sobre deixar esta dica, já que não conhecemos nada parecido no Brasil, mas quem sabe alguém dá uma dica nova? O mais próximo desta dica seria borrifar uma solução para engomar o tecido…)

Use pesos. Use pesos para segurar os moldes ao invés de alfinetes quando for cortar um tecido no viés.

Não estique o tecido enquanto corta. Por estar cortando no viés, você precisa se assegurar que seu tecido não está esticando enquanto corta. Cortar uma camada só é a melhor forma de manter o tecido sem esticar. (Nota: a gente só conseguiu cortar os tecidos de maneira mais decente depois de montar um “sanduíche” de tecido+molde+tecido, por ter ficado mais estável, então achamos isso subjetivo, rs! Mas a parte sobre não esticar o tecido durante o corte permanece consenso!)

Marque com marcadores. Use caneta ou lápis para marcar no lugar de cortar os “piques” de referência dos moldes ou os traçados que formam as pences.

Faça um “Staystitch” nas partes curvas. É uma boa ideia passar uma costura reta em todas as curvas (decotes e cavas) assim que você cortar as peças (antes de pendurá-las por uma noite). Essa costura reta quando feita imediatamente irá ajudar a manter as curvas sem esticar e previne distorções. (Nota: Não traduzimos o termo por não conhecermos algo equivalente em português. Neste post, a autora recomenda fazer o staystitch com uma distância de 1cm da borda e comprimento do ponto de 1,5. Com algum tempo mais de experiência, eu diria que esta é uma costura de estabilização das curvas, eu costumo fazer com o ponto 2,5 e com uma distância de um pé calcador da borda do tecido. Isso realmente ajuda a manter o tecido sem esticar!).

Pendure para permitir esticar. Depois de cortar as peças, deixe-as penduradas durante uma noite em um cabide. Isto ajuda a esticar um pouco o tecido antes da costura, o que diminui o franzimento.

Experimente usar pregadores. No lugar de alfinetes, que podem distorcer o tecido, experimente estes pregadores da Clover para segurar suas camadas de tecido na hora de costurar. (Nota: Eu tenho destes clipes e são muito úteis para várias situações de costura. Já contei sobre eles aqui, onde também coloco onde comprar no Brasil. Eu acho que também dá para substituir por aqueles pregadores pequenos para papel.)

Guarde corretamente. Dobre, ao invés de pendurar, sua peça feita no viés para mantê-la sem esticar inadvertidamente.

Eu alterei a ordem das dicas para deixá-la numa sequência mais lógica, próxima ao que seria feito na prática.

Sobre o que eu já aproveitei delas… bom… eu li por cima logo que o newsletter chegou, fiquei super empolgada e pendurei as peças no cabide antes de fazer o tal “staystitch”. Ainda não consegui começar a montar a peça, então não sei como vai ficar. Mas foi por isso que eu alterei a ordem das dicas antes de publicar aqui.

Ainda assim, acho que nunca é tarde para colocar estas dicas em prática, mesmo que em uma outra peça. Se as blusas que eu e a Ana começamos não derem certo, o jeito será tentar de novo usando estas dicas!

Espero que elas sejam úteis para você também!
Beijos!

OBS: post atualizado em 14/03/16 – algumas das observações que colocamos nas dicas acima sofreram alteração depois de alguns anos a mais de experiência na costura, yay!

Como é o meu vestir em 2023
10 anos de blog – O que vem depois?
Burda – Moldes ao alcance de todos

Olá!

Desde que me conheço por gente e entendo o que é uma revista, lembro de existirem revistas com moldes para roupas.

Minha mãe costumava comprar algumas, apesar de saber traçar os próprios moldes. Acredito eu que era para ter ideias, ver as novidades na modelagem, saber mais sobre a costura ou mesmo se alguma coisa havia mudado, já que ela fez o curso de corte e costura nos anos 60. E as revistas estavam lá na banca, “olhando pra ela”, então por que não comprar?

No final do ano passado comprei um molde da Burda para fazer uma blusa com peplum e, quando vi que as marcações do molde estavam em inglês, alemão e em outra língua que eu imagino ser russo, além do rodapé em alemão, eu resolvi pesquisar. Como eu estou aprendendo alemão, metade da família é alemã, enfim, fiquei curiosa.

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Blusa com peplum

Cheguei ao resultado da editora alemã que tem revistas com moldes desde os anos 50!

“Todas as mulheres querem ser belas.” Uma frase simples, uma verdade irrefutável de validade atemporal. Foi esta a afirmação de Aenne Burda quando percebeu que, mesmo nos anos difíceis que se seguiram à Segunda Guerra Mundial – tempo em que se iniciou um processo de mudança também no vestuário – as mulheres queriam se sentir bonitas. Em qualquer parte do mundo, independentemente da idade, do status social e da forma do corpo.

Na vida cinzenta da Alemanha pós-guerra, os modelos de seda da alta costura parisiense eram um sonho inatingível. Extravagantes, complicados e, principalmente, de custo proibitivo. Até que surgiu Aenne Burda. Em 1949, esta mulher de 40 anos tomou as rédeas da editora de moda falida do seu marido Franz, chamou-a de Burda Moden e lançou a primeira edição com uma tiragem corajosa de 100.000 exemplares: moda bonita que você mesma pode fazer.

Dez anos mais tarde, a Burda era a revista de moda mais importante da Europa, com uma venda de 1,5 milhões de exemplares. Qual a receita do sucesso de Aenne Burda? “Em geral, sou uma mulher prática. E sabia o que as mulheres comuns queriam.” Quer fosse o New Look dos anos 50, quer a moda Flower Power dos anos 70: Aenne Burda trouxe para a sua revista as tendências de moda de Paris e Milão – modificadas de acordo com o ideal prático desejado pelas mulheres, incluiu moldes com medidas perfeitas, instruções simples e detalhadas e dicas de estilo de fácil compreensão. Modelos especiais sem requinte demasiado, sofisticados mas, acima de tudo, dirigidos a costureiras iniciantes.

Um conceito que funciona até os dias atuais e com o qual ela lançou a ideia que viria a maravilhar o mundo inteiro: a primeira revista de moda feminina do mundo ocidental a ser distribuída na União Soviética. Em 1987, a maior revista de moda do mundo teve a sua Première em Moscou sob estrondoso aplauso – um gigantesco evento midiático com um espetáculo grandioso e nomes importantes do mundo da moda.

A revista, que até então só era possível encontrar a preço extremamente elevado no mercado negro, tornou-se acessível a todos e converteu-se num motor de mudança social. “Aenne Burda teve mais sucesso em Moscou do que três embaixadores antes dela.”, afirmou na época o ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros Hans-Dietrich Genscher. Desenho de moda, criação de estilos, livros: Tudo isso esta mulher poderosa produziu, com garra, a pulso. E através das suas criações demonstrou a milhões de mulheres que não precisam de muito para se sentirem belas. Na maior parte das vezes, um vestido confeccionado por nós é suficiente.

(Extraído e adaptado de Burda Style Portugal, edição 01/2013, página 17)

Aqui no Brasil não temos uma edição da Burda, mas a edição mais próxima de nós é a da Burda portuguesa, o que facilita muito na hora de executar os projetos.

O que seria um “porém” é o fato das estações do ano estarem invertidas, mas eu vejo como uma vantagem já que, por exemplo, dá pra fazer com calma agora um projeto para a próxima primavera ou verão e, quando o calor voltar, ele estará prontinho para usar.

Atualização: A revista Burda Style conta com uma edição brasileira desde agosto/2014. Fiz um novo post a respeito, contando as minhas impressões sobre a primeira revista editada no Brasil neste post.

Todo o conteúdo da revista é tradução para o português da Burda original editada em alemão, então vale mesmo a pena comprar a edição portuguesa! Só se você quiser aprofundar os seus conhecimentos costurísticos em outra língua, rs!

Existe também um site da Burda de Portugal, que tem:
– Loja virtual com máquinas, acessórios e assinaturas de revista*
– Arquivo das edições anteriores das revistas
– Download para impressão de moldes
– Notícias sobre as tendências de moda
– Dicas para costura

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* Sobre a assinatura: Eu fiz as contas e uma edição portuguesa com envio para fora da Europa (provavelmente recebendo com um pouquinho de atraso, tipo 1 mês) sairia por cerca de 8,60 Euros – R$ 22,55 – e que parece não incluir a taxa do correio.

Se você comprar na banca aqui do Brasil uma Burda de Portugal, com 3 meses de atraso em média, você paga R$ 9,90. Na minha opinião, não compensa assinar, principalmente pelas estações do ano invertidas.
De vez em quando, você pode encontrar edições mais antigas por preço mais em conta. Eu já comprei um pacote com 2 revistas do final de 2011 por R$ 9,90.

Semana passada eu comprei numa banca no bairro do Sumaré a revista de janeiro de 2013, a mais recente por aqui neste momento:

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O que eu mais gostei foi a parte em que eles estão reeditando alguns modelos publicados nos anos 50 e 60, a sessão chama-se “Coleção Aenne Burda”. São lindos!

Eu adorei este, de 1963!

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“Estilo intemporal: o vestido de corte clássico chama a atenção pela vista amovível bordada e o cinto delicado com laço.”

Adoro ler em Português/PT, rs! Em pouco tempo a gente acostuma com os termos que são um pouco diferentes dos nossos e o estilo de redação

As revistas sempre possuem muitos modelos, divididos em sessões, como
– Moda infantil
– Moda plus size
– Projetos para fazer à mão
– Uma das peças com explicação mais detalhada, ideal para iniciantes
– Moda Retrô
– Roupas confortáveis para usar em casa
– Acessórios e customização
– Roupas de festa

Alguns outros links legais da Burda
Em alemão:
– Facebook
– Site
– Modelos Vintage (entendi quase nada, mas gostei de praticamente tudo, rs!)

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Em inglês:
Site
Loja de moldes
– Livro “BurdaStyle Sewing Vintage Modern: Mastering Iconic Looks from the 1920s to 1980s” (com 14 projetos e 5 moldes de base. Esse eu tenho, comprei na Amazon inglesa, em breve vai virar post!)
Livro “The BurdaStyle Sewing Handbook” (com 15 projetos e 5 moldes de base)

Em português/PT:
– Livro “A Costura Tornada Fácil” (Esse eu tenho, paguei R$ 29,90 numa Livraria Cultura, post sobre ele aqui)

Uma última observação: Os moldes à venda em geral já saíram em alguma edição da revista Burda. Então se você já comprou alguma revista, vale a pena dar uma olhada antes de gastar US$ 5,40 (no site americano) ou de 1,99 a 4,99 Euros (no site alemão) em um molde só.

Beijos e boas costuras!

Como é o meu vestir em 2023
10 anos de blog – O que vem depois?
Tecidos nas embalagens para presente e cartões

Olá!

Eu adoro dar presentes!

Seja no aniversário, no Natal ou sem nenhuma data específica, só porque encontrei algo que uma amiga ia adorar, por exemplo. Sempre que posso procuro eu mesma fazer o presente, apesar que neste ano eu não estou conseguindo manter isso…

De qualquer forma, mesmo quando o presente é algo comprado pronto, eu gosto de dar o meu toque fazendo o pacote para presente. Sempre uso o papel craft, já que tenho de monte aqui em casa e acaba sendo bem neutro e arremato com uma fita bonita ou mesmo um lacinho de algum tecido legal que rendeu uma fitinha na hora de cortar…

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Além disso, eu tinha aqui em casa faz tempo vários materiais de Scrapbook, que eu usaria para montar um álbum “alternativo” de casamento, mas nunca aconteceu. Os materiais são bonitos e eu comecei a usá-los para fazer cartões. Aproveito também a estampa do retalho de algum tecido para enfeitar o cartão. Essas menininhas do tecido que usei para fazer vestidos para as pequenas da família ficaram lindas coladas na capa dos cartões!

Pra não mandar o cartão sem envelope, comprei na Kalunga uma caixinha com envelopes amarelos, bem alegres!

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A graça das menininhas no vestido…

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…E no cartão

Agora que a querida amiga Camila já ganhou seu presente e cartão, eu posso colocar aqui no blog, rs!
Não queria estragar a surpresa!

Beijo!

Como é o meu vestir em 2023
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Katia Linden
Sou de São Paulo, publicitária de formação, professora de costura por paixão e escolhas da vida. Sou também várias outras coisas por convicção: feminista, mãe de cachorros, tatuada, amante de música, viciada em Grey's Anatomy, costureira, modelista, consultora de estilo e (também, ufa) autora deste blog.
Sobre o Blog ⟩
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Vencendo a minha maior resistência: vender!