Uma almofada de crochê com restinhos de fios de outros projetos

Estamos chegando ao final de maio. A passagem do tempo segue muito estranha. O que eu tenho feito aos finais de semana é descansar, sem alarme para acordar, fazer meus crafts o tanto de tempo que der vontade, ver TV agarrada com meus cachorros. Determinar o que são os dias úteis e o que é o fim de semana faz com que eu me perca menos.

Eu resolvi nos últimos dias não iniciar nenhum projeto novo enquanto eu não terminar outros que estão começados. A fila segue andando por aqui e isso é bom. A sensação de fazer algo e terminar é sempre muito boa e tenho me agarrado a ela nesses tempos de isolamento.

Maio está sendo bem difícil para mim em termos de estar sem contato físico com ninguém há tempos. O jeito foi colocar a atenção em outras coisas para não pirar. Também desconto nos meus cachorros, que felizmente são muito carinhosos e que agora querem ficar grudados por estar mais friozinho.

Almofada de Crochê

Quando eu fiz a manta de crochê para a Regina, eu amei tanto a combinação do ponto com o fio que usei que queria algo do tipo para mim também, rs. Mas não faria uma manta igual pois já tenho algumas na minha casa. Resolvi então fazer uma capa de almofada com o fio que restou do projeto.

Eu comecei a fazer logo em seguida da manta e logo vi que o fio não seria suficiente. Também vi que tinha feito muito estreito. Deixei guardado este projetinho lindo enquanto fazia a blusa listrada de tricô pois o fio era o mesmo, só mudava a cor. Quem sabe aí não sobraria o fio que eu precisava para terminar, né?!

E foi o que aconteceu. Sobrou um pouco do último novelo da minha blusa, em tons mais frios e também com bastante cinza. Desmanchei o que eu tinha feito e fui mesclando os restinhos do primeiro projeto com os restinhos do segundo. Também acertei o tamanho. A companhia dos cachorros é sempre boa quando estou fazendo crochê e, mais uma vez, dividi o espaço com a Leia, rs.

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Como eu sempre conto, fazer crochê é algo muito viciante para mim e também é um dos crafts que eu faço mais rápido. Em poucos dias eu tinha refeito a peça. Aí marquei uma aula online com a minha querida professora Solange para entender como finalizá-la.

Algumas carreiras de ponto baixo em cada ponta, aplicação do zíper invisível à mão, união das laterais e a capa estava pronta, que alegria! Ela vai ficar na minha sala de TV, que agora também é meu local de trabalho, como contei no post sobre o bordado que fiz e coloquei na parede deste cômodo. Por enquanto está guardada pois quero fazer as outras almofadas primeiro e colocar todas de uma vez (e aí vai ter tour, prometo!).

Dia de fazer acabamentos é sempre um dia bom!

Usei um novelo inteiro e mais um pouco que tinha sobrado do fio Magicpull (da Círculo, 100% acrílico) na cor 8653, que varia entre rosas, um tom de laranja e um mais cereja e terminei a almofada alternando o fio na cor 8668 que mescla dois tons de rosa e três tons de cinza. Usei agulha 4,5mm de crochê para tecer a peça toda. Apliquei com costura à mão um zíper invisível cinza também.

As cores conversam bem com o que eu quero pra essa sala: tons de rosa e cinza e um laranja para ter um ponto de cor diferente da cartela e ser um destaque no sofá.

Comemorei a almofada pronta com um chá da tarde na sacada de casa, com biscoitos feitos pela minha mãe e English Breakfest com leite (tomo praticamente todo dia, provavelmente será uma das minhas recordações da quarentena também). Ter uma área externa para poder olhar o céu, curtir o por do sol e ainda me sentir segura é um grande privilégio que eu tenho aproveitado muito.

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E assim os projetos vão sendo terminados, trazendo vida e aconchego para a minha casinha!

Uma manta de crochê para a Regina
Look do Dia: um tricô listrado (em topdown) para o inverno!
Look do Dia: um tricô listrado (em topdown) para o inverno!

Eu fiz uma primeira blusa em topdown nessa quarentena já pensando na próxima peça, confesso. Vendo que eu daria conta de fazer isso sozinha durante o período em casa, fiquei bem confiante e encarei tricotar a segunda blusa logo no dia seguinte em que terminei a primeira.

Aí juntei a vontade de fazer mais uma blusa com o fato que tinha amado o fio que tinha usado na manta de crochê que fiz para a Regina. Comprei mais dele para fazer a blusa, só que em outra cor, pois uma nova coleção já tinha sido lançada pela Círculo.

Vivendo perigosamente

Eu segui a receita que calculei para fazer a primeira blusa cinza em termos de tamanho de agulha e quantidade de pontos para começar o decote e para dividir o raglan do corpo da blusa. Como mudei o fio, considero que estava vivendo perigosamente por não ter feito amostra mas, desta vez, o meu olhômetro não falhou, rs.

Para não ficar super parecida com a primeira blusa, que já era cinza, mudei alguns detalhes na modelagem:

  1. Não medi a quantidade de carreiras ao tricotar o corpo, tanto antes quanto depois do raglan, fui só pelo comprimento em centímetros. Fiz assim na primeira também. Mas, ao chegar à metade do corpo, usei agulhas mais finas (5,5mm) por 2cm para acinturar a blusa um pouco e deu certo!
  2. Não fiz as diminuições graduais para as mangas ficarem ajustadas. Fiz todas as diminuições de uma vez só, na penúltima carreira antes da barra, para ficarem fofinhas/bufantes, com um arzinho 80’s.
  3. Os punhos eu tricotei com agulhas ainda mais finas (5,0mm) para esse efeito fofinho funcionar, apesar de ter ficado até discreto a meu ver, mas que gostei mesmo assim.

Eu usei 2 novelos inteiros e um pouco do terceiro novelo do fio Magicpull, na cor 8668 que mescla dois tons de rosa e três tons de cinza. Acabei trabalhando com o fio de forma que as listras rosas ficassem destacadas no colo e início das mangas e depois para distribuir cada tom de rosa em cada manga, terminando-as em cinza. Eu amei muito como ficou!

Preciso dizer que gostei mais desta blusa do que a cinza feita anteriormente, hahaha. Depois de fazer duas novas blusas, ainda no outono, do jeito que eu tinha planejado antes mesmo da pandemia, declaro que a jornada de tricô nesta quarentena está oficialmente cumprida.

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A blusa foi tricotada em 17 dias e depois ficou pronta, linda e maravilhosa enfeitando meu manequim na sala de TV por praticamente duas semanas. Aí, vivi toda uma nova montanha russa de emoções, com Luke tendo uma nova dermatite depois de seis meses sem nada e tendo o tratamento adaptado às restrições atuais, passando pelo cancelamento da minha viagem de férias dos sonhos e por alguns dias em que me senti muito carente. Mas seguia fazendo o meu tricozinho, que me confortou muito nos dias ruins e nos dias bons também.

Cheguei ao dia das mães sem poder beijar ou abraçar a minha mãe, o que me deixou muito muito mal e triste. Inventei também de pintar a minha cozinha na última semana, o que me ajudou um pouco por ser algo bem desafiante e que eu nunca tinha feito sozinha.

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Acabei tendo uma sessão presencial de terapia na semana passada, pois parecia o mais viável para o momento. Lembro por aqui que sofri de depressão e de crises de ansiedade entre 2018 e 2019 e me mantenho vigilante (assim como minha querida terapeuta Regina) para que não aconteça mais.

Look do Dia

Enfim, já que era pra eu sair para a terapia, que fosse com a minha blusa nova, minha calça jeans preferida e sem elastano (foi uma prova de fogo me propor a vestí-la e ainda caber nela depois de quase dois meses em casa, sem me exercitar, comendo muito bem e bebendo meu vinho diário, rs. Lembrando que a questão aqui nem é ser/estar gorda ou magra e sim que eu não quero perder as roupas que eu adoro e que eu já tenho um armário bem enxuto há alguns anos só com peças muito boas e também muito amadas) e meu tênis rosa que eu não usava há tempos.

Saí de cara lavada pois sabia que choraria na terapia – posso colocar a culpa também na TPM? – e a máscara de tecido fez desnecessário o batom vermelho que sempre levanta meu astral. Dirigir pela cidade muito mais vazia e com quase tudo fechado sempre me dá uma melancolia. O carro acaba sendo uma “bolha de segurança” sobre rodas mas, mesmo com sol, sem trânsito e com alguma música que amo tocando bem alto, o trajeto não vira de jeito nenhum um passeio de verdade.

Usando calça jeans depois de alguns meses.

Agora o inverno pode chegar, rs

Máscara de tecido: das coisas que nunca achei que costuraria nessa existência.

Blusa em tricô top down: Fio Magicpull – 100% acrílico – da Círculo, na cor 8668. Tecida com agulhas 6,0mm e 5,5mm (corpo e mangas) e 5,0mm (punhos). Método aprendido com a Nat Petry, tem curso online aqui.
Calça jeans baggy: Yes I Am Jeans.
Tênis: Nike
Máscara de tecido: feita por mim, com molde e tutorial da Patricia Cardoso.

Acho que ir vestida assim à terapia foi uma forma de demonstrar a mim mesma o quanto esses rituais que eu tinha eram importantes. Parar o que estava fazendo, me arrumar e sair para chegar à tempo. Lembrei de como é bom me vestir para mim mesma antes de qualquer outra coisa e nesse dia só queria usar algo feito por mim. Regina me serviu o capuccino perfeito dela. Aquele gostinho bom do capuccino, a poltrona confortável, a sala cheia de violetas e orquídeas e o olho no olho (à distância) me aconchegaram como sempre.

Enfim, me vejo pronta para voltar às sessões via Skype, desejando que isso passe logo para que o ritual semanal presencial seja retomado de vez. E lembrarei dessa pandemia como a maior provação que a minha geração terá passado e que eu consegui me manter firme e produtiva dentro do que era possível para esta fase.

Assim como a minha casa, meu armário handmade também carregará marcas (bem bonitas, diga-se de passagem) desses tempos tão duros e que ao mesmo tempo estão me ajudando ainda mais a me conectar comigo mesma.

Look do Dia: Nada como um tricô em Top Down após o outro!
Uma manta de crochê para a Regina
Um bordado de flores para uma nova sala

Eu levei um tempo para me apropriar da minha casa como sendo apenas minha. A princípio eu só tirei as coisas que não me pertenciam ou lembranças que me deixavam triste. Depois eu comecei a mudar uma coisinha “aqui e ali” e tomar como meu tudo o que eu gostava e queria que ficasse na casa.

Agora, na quarentena, ficando aqui por dias e dias seguidos, vejo mais coisas que quero mudar. Algumas para ressignificar os espaços, outras porque o meu gosto mudou mesmo.

Na verdade, a primeira pequena-grande revolução foi reformar em 2019 a sala de TV, que nada mais é do que um dos quartos da casa. Ela fica em uma posição que eu considero bem privilegiada, pois é o cômodo que acessa a sacada através de uma porta, sendo então a parte mais iluminada dentro da casa. Esta sala é a parte que mais mudou por aqui recentemente e eu fico feliz de colocar muito de mim nesse espaço.

Na quarentena é onde fico a maioria do tempo, seja pela TV que me acompanha durante o tricô, crochê ou bordado ou por ser onde a internet é mais rápida por conta do roteador ficar nela, além da iluminação boa o dia todo (investi nisso também na reforma para que fique iluminado na medida certa também quando anoitece).

Mas como este cômodo ainda está em transformação através de alguns projetos que estou fazendo (ou seja, em algum momento vai ter tour sim, como eu fiz com a sala nova em 2018), hoje eu vou mostrar apenas o primeiro bordado que fiz na quarentena e que agora enfeita uma das paredes.

Flores pra Você

Eu acompanho o Clube do Bordado há anos e adoro o trabalho das meninas. Fiz um curso no começo de 2018 para reaprender a bordar (eu aprendi um pouco 20 anos antes e tinha esquecido), fiz outro curso com a Renata no MAM que foi maravilhoso ao relacionar os bordados com a história da arte (alguns deles estão neste post) e estou esperando a pandemia acabar para retomar um curso que estava fazendo sobre mulheres e manualidades com a Carla Cristina Garcia e intermediado pelo Clube.

Enfim, usando os materiais que eu já tinha em casa, baixei o risco grátis que as meninas disponibilizaram e fui acompanhando a Dini toda 6a feira para bordar mais um pedacinho junto. Quis fazer assim, sem pressa, aproveitando as dicas até porque eu estava me sentindo meio enferrujada ao esquecer como começava o ponto haste ou pelo fato de não conseguir deixar o ponto cheio alinhado no começo…

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Em algumas semanas eu terminei e, como não tinha nenhum bastidor no tamanho ideal para usar de moldura, cortei as bordas do tecido com a tesoura de picotar para não desfiar e colei na parede com washi tape. Gostei muito de como ficou!

Uma nova parede

Este bordado enfeita a parede em que o sofá fica encostado e que recentemente ganhou prateleiras para quadros que eu fixei sozinha (a filha de marceneiros com uma furadeira na mão não quer guerra com ninguém). Por enquanto tem um quadro com um pôster que trouxe do Brooklyn e que nunca tinha sido pendurado por falta de espaço, meu livro mais precioso de costura (que, de tão grosso que pára em pé) e o novo bordado.

Spoiler da sala sendo renovada e também do próximo projeto que vai aparecer pronto no blog!

Eu acredito que, quando tudo isso passar, olharei o que estou fazendo pela minha casa com muito carinho, ao resgatar o bordado, as habilidades em deixar tudo bem cuidado e tirar algo de positivo de um tempo tão complicado!

Bordados da resiliência
Reaprendendo a bordar com o Clube do Bordado
Katia Linden
Sou de São Paulo, publicitária de formação, professora de costura por paixão e escolhas da vida. Sou também várias outras coisas por convicção: feminista, mãe de cachorros, tatuada, amante de música, viciada em Grey's Anatomy, costureira, modelista, consultora de estilo e (também, ufa) autora deste blog.
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