Viagem com Costura: Visitando o Museu da Moda da Cidade de Paris, o Palais Galliera

Olá!

Aproveitei a ida a Paris para ver se na cidade estaria acontecendo alguma exposição de moda. Na cidade sempre acontecem exposições do tipo, mas durante as temporadas de desfiles é que elas se concentram. Ainda assim, tive a sorte de pegar uma exposição que estava acontecendo no Palais Galliera (ou Musée de La Mode de la Ville de Paris).

Estive nos lindos jardins deste museu no ano passado, quando fiz um passeio de bicicleta e o local era o ponto de parada para um piquenique (post aqui – deu saudade só de lembrar). O museu não tem exposição de seu acervo permanente e só abre quando tem alguma exposição específica acontecendo. Na mesma época do ano passado, por exemplo, estava fechado. Já os jardins são abertos ao público e são lindos!

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A exposição que está em cartaz agora é “La Mode retrouvée – Les robes trésors de la comtesse Greffulhe” (A moda recuperada – Os vestidos preciosos da Condessa Greffulhe, na minha humilde tradução, rs).

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A exposição conta a história da Condessa Greffulhe, uma mulher muito influente na sociedade francesa na virada do século XIX para o século XX.

“Esta exposição enfatiza o guardarroupa de Elizabeth, a Condessa Greffulhe, cuja beleza e elegância foi uma das principais inspirações para Marcel Proust e os designers de moda de seu tempo.

Pela primeira vez na história, o Palais Galliera está exibindo o guarda-roupa fabuloso da Condessa Greffulhe, ou Élisabeth de Caraman-Chimay (1860-1952). Ela era prima do dandy francês e poeta Robert de Montesquiou e foi imortalizada para a posteridade por Marcel Proust como a duquesa de Guermantes no famoso romance Em Busca do Tempo Perdido.

Proust escreveu a Montesquiou: “Não há nenhuma parte de seu único a ser encontrada em qualquer outra mulher, ou em qualquer outro lugar para esse assunto. Todo o mistério de sua beleza é no brilho, sobretudo no enigma de seus olhos. Eu nunca vi uma mulher tão bonita como ela.”

A Condessa Divina nasceu no final do Segundo Império, viu duas repúblicas e duas guerras mundiais. Ela viveu a Belle Époque e os loucos anos vinte e era líder reconhecida da Sociedade de Paris por meio século. Ela tornou-se particularmente influente depois de seu casamento com o Conde extremamente rico Henry Greffulhe.

A mulher mais bonita de Paris – para ver e ouvir falar – realizou um salão em sua casa em Paris, na Rue d’Astorg e também recebeu hóspedes no Château de Bois-Boudran e em sua villa em Dieppe. Ela era uma adepta precoce do ‘fundraising’.

Como presidente fundadora da Société des Grandes Auditions Musicales, ela transformou um trabalho de caridade em relações públicas. Com tremenda perspicácia prática, ela levantou fundos para produzir e promover óperas e espetáculos, que incluiu Tristan de Wagner e Isolda e Crepúsculo dos Deuses, de Diaghilev Ballets Russes, e Isadora Duncan. Além disso, ela era um animal político – uma torcedora feroz, por exemplo, do Capitão Dreyfus, Leon Blum, e da Frente Popular. Ela também foi uma patrocinadora apaixonada da ciência: ela ajudou a Marie Curie para financiar o Instituto de Rádio e ajudou Edouard Branly prosseguir a sua investigação sobre a telegrafia sem fio.

A Condessa Greffulhe foi o epítome da elegância, com gloriosas roupas para combinar com ela. Suas aparições públicas foram altamente teatrais, no sentido de serem raras, fugazes e incomparavelmente fascinantes, em uma nuvem de tule, gaze, chiffon e penas, ou em suas jaquetas de quimono, seus casacos de veludo, com seus padrões orientais, suas máscaras de ouro e prata, rosa e verde. As roupas eram cuidadosamente escolhidas para enfatizar sua cintura fina e sua figura esbelta.

Em exposição no Palais Galliera, há cerca de cinquenta modelos que tenham as etiquetas de grandes costureiros como Worth, Fortuny, Babani, e Lanvin. Há casacos, roupas íntimas, vestidos de dia, vestidos de noite e também acessórios, retratos, fotografias e filmes. Cada item é um convite para ir em busca de uma moda perdida e de se familiarizar com esta grande figura da sociedade de Paris, cuja imagem foi inevitavelmente ligada com seu guardarroupa.”

(Extraído, traduzido e adaptado daqui).

 
Enfim, é muito interessante ver que ela viveu bem na época do nascimento do que conhecemos como Alta Costura, assim como seu modo de vestir que foi mudando conforme o tempo e as novas estéticas que foram surgindo. Foram tempos de muitas coisas realmente novas! Mesmo quando já tinha um pouco mais de idade e só vestia preto, as roupas nunca deixaram de ser incríveis. Mais interessante ainda é que ela era muito mais do que as lindas roupas que ela vestia, já que sua atuação no mundo das artes e ciências era muito relevante.

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Este vídeo do próprio museu dá uma ótima ideia do que está sendo exposto: roupas lindas, fotografias, acessórios, entre outras coisas (mesmo se você não entende francês, como eu, vale a pena ver pela beleza das peças):

La mode retrouvée | Palais Galliera, musée de… por paris_musees

Eu adorei a exposição! Se um dia você estiver neste local, seja para conhecer o museu ou apenas os jardins, aproveite para ver o que está acontecendo nos dois museus em frente ao jardim (e Museu de Arte Moderna e o Palais de Tokio) e curtir uma vista privilegiada da Torre Eiffel!

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Paris é linda mesmo nos dias nublados!

Serviço:

Palais Galliera
10 avenue Pierre Ier de Serbie 75116 Paris

A exposição vai até 20/03/2016
Site

Beijos!

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10 anos de blog – O que vem depois?
Minha primeira camisa de seda e uma viagem diferente

Olá!

Já virou um costume meu de preparar uma peça nova de roupa às vésperas de uma viagem. Pode ser um shorts vapt-vupt para passar um feriado na praia (aqui) ou uma peça mais trabalhosa como uma jaqueta bomber forrada para uns dias de férias (aqui).

Pois bem, depois de terminar a camisa que concluía uma etapa do curso de modelagem (contei neste post), comecei o desenvolvimento de uma peça destas para mim em outubro.

Primeiro construí uma base de corpo com as minhas medidas, que não ficou certa de primeira. Na segunda tentativa deu certo. Aí, na hora de costurar e provar, particularidades do meu corpo que não estavam contempladas no papel e nos cálculos apareceram: ombros caídos e a minha corcundinha (que já melhorou muito depois de fazer Pilates desde o ano passado, mas ainda existe). Algumas alterações depois, com a ajuda da mestra Angélica, eu tinha a minha base de corpo pronta para prosseguir com os trabalhos.

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Fiz uma camisa no morin, tecido bem simples de algodão para testar o modelo da camisa. Deu tudo certo no corpo e na gola, já as mangas… Ficaram justas por conta dos meus braços gordinhos, rs!

Fui procurar uma solução nos meus livros e encontrei uma forma de aumentar o volume sem mexer na cabeça da manga no livro da Burda (já escrevi sobre ele aqui). Resolvida esta parte, tinha que escolher a manga que queria fazer: se uma manga “simples” com punho e carcela – de simples não tem nada, só é uma das mais usadas em camisas – ou se uma manga evasê para ficar franzidinha junto ao punho.

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Escolhi a segunda opção e lá fui eu costurar no tecido definitivo, um crepe de seda delicado e maravilhoso da Liberty (capaz que seja o tecido mais caro que eu já tive coragem de comprar). Esta peça já faz parte das costuras que priorizei depois de pensar em uma nova paleta de cores para mim (contei sobre isso ontem – aqui).

Costurar tecidos delicados rendem o dobro de trabalho, na hora de cortar para não escorregar e na hora de costurar também. Cortei num dia e fui costurar no outro. Levei dois dias para terminar, pois fui intercalando com outras atividades “do lar”, rs. Creio que 95% das etapas precisaram ter um alinhavo para manter tudo no lugar, coisa que eu não tenho preguiça de fazer. Escolher materiais e ferramentas adequadas também faz a diferença: colocar uma agulha novinha na máquina e usar os alfinetes mais delicados que tenho (os mais curtos e sem cabeça, mas com a ponta bem delicada, dá para ver aqui) para não puxar fios durante o processo.

Estava sendo uma semana muito pesada, com acontecimentos esquisitos/ruins na região onde eu moro. O clima estava pesado e eu aproveitei para me concentrar na camisa para não me deixar contagiar pelo baixo astral que estava rolando. Nem vou entrar em detalhes pois acho que não vale a pena, mas enfim, era uma semana bem estranha.

Fechei as laterais e os ombros da camisa com costura inglesa. Deixei apenas as mangas com costuras “normais”, mas acho que vou fazer os acabamentos delas com viés do próprio tecido, sabe?

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Quando eu estava quase terminando, faltava só fazer as casas e depois pregar os botões, começaram a chegar as notícias dos atentados em Paris. Eu e o marido estávamos com passagens marcadas para ir para lá dois dias depois. Lembro que parei os trabalhos para acompanhar o noticiário, lembro bem o choque enorme de ver que a casa de shows onde mais pessoas foram atingidas ficava a 700 metros do hotel que tínhamos reservado, que as fronteiras estavam fechadas.

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Botões vintage do último Armarinho Vintage do Superziper.

Fiquei muito atordoada, pois eu e o marido amamos ir a shows de rock e imaginei que sim, eu poderia ser uma daquelas pessoas. A certeza de uma viagem tão desejada (ainda mais depois de uma semana ruim) deixou de existir naquele momento de pânico geral.

Acabei deixando o noticiário de lado para terminar a camisa, para concentrar as minhas atenções em outra coisa pelo menos por um pouco de tempo. Coloquei os botões e a minha etiqueta (o toque final) sem saber se a usaria na semana seguinte, como era o programado.

No sábado, tocamos os nossos compromissos, sem saber ainda o que fazer. À noite, fomos ao show do Pearl Jam (tá vendo? Eu e o marido estávamos num show de rock, como acontece com frequência), que foi muito emocionante por conta do que havia acontecido.

Foi bom para tirar um pouco da nossa atenção e, quem sabe, ajudar a resolver o que fazer. Quando fomos dormir, já sabíamos que o congresso que o marido iria participar estava mantido e que a companhia aérea estava com os vôos normalizados. E nós não conseguíamos decidir se iríamos ou não.

No domingo de manhã, resolvemos ir, depois de falarmos com as nossas famílias. Eles nos apoiaram na decisão de ir e saímos correndo para fazer as malas. Coloquei minha querida camisa entre as outras roupas, com o sentimento de missão cumprida, por mais estranha que fosse a atmosfera daqueles dias.

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Camisa acinturada, com mangas longas e franzidas no punho, gola com pé. Tudo o que eu tinha direito!

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Aqui dá pra ver bem a estampa!

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Punhos fofos!

Chegamos em Paris na 2a feira pela manhã, dia em que os comércios estavam abertos e as pessoas estavam voltando a sair na rua. Sentimos confiança de tocar a viagem já que estávamos lá, com algumas modificações de última hora como evitar aglomerações de gente e ficar preparados para detectores de metal e revistas de bolsas em quase todos os lugares.

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Primeiro dia, na Place des Vosges.

Eu sempre penso que as roupas que costuro tem suas histórias únicas. E essa camisa sempre vai me trazer essas lembranças de como foi gostoso e trabalhoso de fazer, também de onde eu queria levá-la, mas não quero associá-la aos acontecimentos ruins durante a execução dela. Os próximos posts serão sobre a viagem e por isso quis começar por contar o que aconteceu antes, por mais que ainda seja um pouco difícil, mesmo indo e voltando em segurança, para mim estes atentados serão acontecimentos com que dificilmente vou me conformar. Enfim, como eu sempre digo, viajar é bom, mas voltar para casa é ainda melhor!

Dias depois eu usei a camisa, logo menos mostro aqui. É uma das coisas que eu mais gostei de costurar, ainda mais por ter desenvolvido a modelagem dela!

Beijos!

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Look do dia – Saia em dobro!

Olá!

Já faz um tempo que fui pra Paris e os looks foram sendo publicados aos poucos aqui no blog. Para não levar mais tempo ainda para mostrar os últimos dois, resolvi juntar num post só. O que eles têm de semelhante? Os dois partiram de uma saia para eu ter o restante da combinação.

Deu pra notar que a gente não precisa ficar presa apenas às calças quando está frio. Não levei nenhuma calça jeans, por exemplo, pois acho que elas esquentam pouco. Deixei espaço na mala para peças que eu pudesse usar com meia calça térmica, que me deixa quentinha ainda que com as pernas de fora.

O primeiro look foi pensado para eu usar com a minha amada capa de lã. A saia justinha não adicionaria volume na parte de baixo, importante para uma capa volumosa. Combinei com uma camisa jeans estampada de florzinhas e uma blusa de lã que eu acho super bonita, mas que pinica um monte. A camisa por ser mais grossinha evitou o pinicamento (e assim eu quase desisti de tirar a tal blusa de lã de vez do meu armário). Neste dia estava mais frio e eu passei quase o dia todo com a capa, adorei!

E eu que não sou de usar brincos grandes há muito tempo, me apaixonei por este par que tem formato de pluma. Espero poder usar mais, pois realmente é super bonito!

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Capa de lã com forro de cetim: tecidos comprados na Mittus (rua Augusta) e molde da Revista Burda portuguesa (08/2013).
Saia lápis: malha ponto roma comprada na Mediterrâneo (no Bom Retiro), molde Mabel, do site Colette Patterns (EUA).
Camisa jeans: Uniqlo (San Francisco)
Blusa de lã: H&M (Paris)
Meia calça térmica: DIM (Paris)
Botas: Schutz
Anel: Camila Klein
Brincos: Pri Schiavenato
Batom: Diva (MAC)

O último look desta série é do jeito que eu gosto, com estampas mais aparecidas! A blusa fechadinha de seda é um dos meus xodós, junto com essa saia xadrez de lã. Usei bastante as duas peças no inverno passado e não podia deixar de levá-las comigo nesta viagem. As estampas acabam casando entre si por terem o preto como cor em comum. O casaco creme que foi por cima teve que dar conta do vento bem frio deste dia.

Como eu tenho muita preguiça de trocar de bolsa e muito apego pela minha “Luisa”, eu sempre coloco um lenço amarrado nela para dar um toque especial. Ganhei a bolsa do marido há mais de dois anos e praticamente só uso a mesma bolsa sempre. Troco só quando quero usar uma pequenininha, pra sair, sabe? No resto do tempo, só dá a “Luisa”, rs!

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Blusa de Crepe de Chine: tecido de seda comprado na e molde da revista Burda Portuguesa (11/2013)
Saia de lã xadrez: tecido comprado na , molde feito com as minhas medidas.
Casaco: não sei a marca, comprado em Buenos Aires
Meia calça térmica: DIM (Paris)
Botas: Schutz
Bolsa: Speedy Louis Vuitton com lenço Liberty vintage da L’Oiseau.
Cachecol: Uniqlo
Brincos: Camila Klein
Batom: Berry Noir (Contem 1g)

Preparando este post senti saudades do frio e muita vontade de voltar!
Gostou?

Beijos!

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Katia Linden
Sou de São Paulo, publicitária de formação, professora de costura por paixão e escolhas da vida. Sou também várias outras coisas por convicção: feminista, mãe de cachorros, tatuada, amante de música, viciada em Grey's Anatomy, costureira, modelista, consultora de estilo e (também, ufa) autora deste blog.
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