Pois é, mesmo tomando muito cuidado, recentemente tive covid. Eu já estava trabalhando de casa de novo e estava com uma crise de sinusite mas, quando outros sintomas como febre, dor no corpo, dor de garganta e a diarréia apareceram, senti que tinha algo mais acontecendo.

Um dia e pouco depois, já medicada, recebi o resultado do teste e tinha dado positivo. Fiquei meio “bugada” porque não sei ao certo como me contaminei. Mas, enfim, aconteceu.

A minha primeira reação foi: “caramba, depois de dois anos, acabei pegando e eu nem sei como. O jeito agora é seguir isolada, descansar, me cuidar e avisar as pessoas com as quais tive contato recentemente (mesmo as que eu fiquei no mesmo ambiente estando todo mundo de máscara o tempo todo)”

Quando o resultado positivo veio, eu já me sentia um pouco melhor e, provavelmente por isso, não senti medo. Mas a mente voou longe nesses dias de isolamento. Pensei muito sobre estar passando por isso sem ser na época em que Luke precisava ir quase que diariamente ao veterinário ou nos dias em que esteve internado ou mesmo que pude me despedir dele como eu senti que deveria. Se eu tivesse pego covid em dezembro, não imagino como teria sido nesse sentido.

A minha intuição tinha me mandado para a cozinha em um dia inspirado um pouco antes de ficar doente, então a geladeira e o freezer estavam cheios de comida gostosa e prontinha, eu só ia pegando os potinhos e me alimentando bem nos dias de mal estar.

Pensei também em como recebi amor, carinho e cuidado o tempo todo das pessoas que eu amo. Aquela velha história de ter por perto (mesmo que virtualmente) as pessoas que realmente importam mesmo na hora do perrengue. Me senti amada e cuidada o tempo todo e isso realmente me aconchegou.

Lógico que eu pensei também: viva a vacina, que está agindo para que meu corpo não tenha essa doença em sua forma mais grave. Posso ficar isolada em casa, sem precisar de uma internação. #vivaosus

Nesses dias em que eu realmente tive que parar, o sono vinha de um jeito em que eu dormia de 9 a 12 horas por dia (sendo que o meu habitual são umas 7 horas por noite). O post anterior a este, por exemplo, foi escrito ao longo de 3 dias, porque eu não conseguia ficar um período inteiro de uma vez escrevendo, escolhendo imagens e colocando links, etc.

Nesse tempo de descanso forçado, assisti “Get Back”, o documentário em três partes dos Beatles que está no Disney+, mostrando aquele período de criação e gravação de Let it Be (e o lendário show do telhado na íntegra).

Achei lindo demais acompanhar o processo criativo deles, dos riffs que surgiam ali e dava até um arrepio de pensar “pronto, tá nascendo Get Back”, das músicas que custavam a chegar em suas versões finais e nas músicas que saíam num estalar de dedos.

Eram rapazes de praticamente 30 anos, mais maduros em relação ao tempo em que começaram a banda, atravessando aqueles anos 60 tão intensos culturalmente. Assistindo mais uma vez a parte do show do telhado, chorei de saudade do meu pai como há tempos eu não chorava. Pensava que seria muito legal se ele estivesse aqui para ver também e que o amor pela banda segue por aqui e nasceu através dele.

Também me lembrei da febre de Rock Band que invadiu a minha família uns 10 ou 12 anos atrás, quando eu só sosseguei quando cumpri o jogo dos Beatles inteiro na perfeição, jogando no nível expert. Foi nessa época que me apaixonei por Abbey Road (tenho a foto perfeita atravessando a rua em 2011 com amigas queridas e meu ex que até tirou os sapatos para atravessar descalço como o Paul fez. A emoção de estar ali e poder fazer a foto direitinho me levou às lágrimas no dia).

Me senti grata por todas essas experiências, que se renovaram com esse documentário tão legal de ver para quem gosta de música, para quem curte ver o processo criativo de artistas e também para quem quiser desmistificar as “tretas” em torno do fim dos Beatles. Tinha muito amor ali e eu fiquei feliz de ver.

Aproveitei um outro dia em que estava até disposta e arrumei meu armário. Revi roupas que quero voltar a usar e que ficaram meio esquecidas nos tempos de quarentena, separei roupas pra ajustes também para voltar a usar, fiz uma listinha de algumas compras que pretendo fazer para repor as peças que estão velhinhas de tanto uso. Também me deixou muito satisfeita e com vontade de retomar os tempos em que eu me sentia toda gostosona antes da pandemia. De olhar no espelho e sentir que estou radiante de novo.

No último sábado, já me sentindo muito bem e quase 2 semanas depois dos primeiros sintomas, testei negativo. Que alívio. Sentir que passei por isso sem gravidade, cercada de amor e cuidado, me deixou de ânimo renovado para recomeçar.

Quero um 2022 mais tranquilo, mais focado e muito próspero. Os últimos anos foram de muitas coisas para superar e sinto que esse período do perrengue está no fim. Ou, ao menos, que os perrengues já não me paralisem mais a ponto de eu não conseguir colocar minhas ideias no mundo ou realizar meus sonhos (que ultimamente se renovaram também).

Costurei um bocado da minha manta de hexágonos e agora, oficialmente, ela está na reta final (estou terminando a 11a fileira de 12). Esse projeto de quase 9 anos também faz a minha mente voar longe, pensando em como era a minha vida na época em que a comecei e como está a minha vida agora, sendo que nunca desisti de terminar esse projeto que conta tanto de mim.

Segui dando aulas online nesse período e agora posso voltar a atender presencialmente (mantendo todos os cuidados de sempre). Tenho muitas ideias que quero colocar no mundo e vou me agarrar a isso agora. Quero (e preciso) voltar a costurar muito daqui em diante.

No domingo me senti muito viva ao pedalar com amigas no Minhocão, algumas das pessoas que tenho comigo e que temos cuidado muito umas da outras. Quero manter esse sentimento de vida o tempo todo daqui em diante. Ontem, me dei os presentes que queria ter me dado no meu aniversário, mas que só foi possível fazer agora. Que bom que esse momento chegou.

 

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Enfim, tô bem, tô viva e tô por aqui!

Vamos juntas?