Olá!
Sim, o título vai direto ao assunto: há um tempo estou na luta para emagrecer.
Eu fui magra por muito tempo da minha vida. Fui daquelas crianças que davam trabalho pros pais na hora de comer. Fui uma adolescente magra e sem espinhas, mas eu nunca achei que isso me destacasse, eu me achava ok apenas.
Passei pelos anos de faculdade magra ainda, mas quando comecei a estagiar (e ter uma hora de almoço, em lugares mais variados, que antes eu não tinha) eu fui aprendendo a comer, tomando gosto mesmo, acompanhando as pessoas do trabalho.
Entre a época em que entrei na faculdade (em 1999) e o dia em que fiz o procedimento médico para colocar um balão no estômago (em novembro de 2014), tinha engordado 40 quilos. Sério. Dessas coisas que vão acontecendo e a gente vai permitindo. Um quilo a mais depois das festas, outro a mais depois das férias, alguns a mais que você deixou acontecer.
Eu tive esse “estalo” dos 40 quilos ganhos em 15 anos no auge do mal estar após a colocação do balão (no meu caso, no dia seguinte do procedimento). E eu espero lembrar sempre daquele mal estar pois não quero ter que passar por algo desse tipo de novo.
Enfim, o tempo foi passando e eu fui engordando. Alguns regimes que fiz pelo caminho surtiram efeitos temporários. E eu me olhava no espelho e me achava bonita, mas sempre parecia estar faltando algo, eu me sentia sem graça na maioria do tempo, sem saber o que fazer por mim mesma.
Sempre gostei de ler revistas de moda, mas achava que nada daquilo era para mim, principalmente pelo preço das roupas quase sempre grifadas e porque elas não eram feitas para o meu tipo físico (e vamos combinar que a maioria dos editoriais permanece assim). Achava tudo lindo, mas não conseguia extrair nenhuma ideia do que eu via nos editoriais para adaptar à minha vida.
Até que chegaram meus 29 anos e eu estava um pouco mais do que “cheinha”. Já estava gorda. As roupas do shopping ou não me agradavam ou não me serviam, principalmente na parte de baixo. E um dia um lindo ensaio pin-up da Pitty me chamou muito a atenção. Pena que não encontrei o link para mostrar aqui (mas a Carla C. A. achou, é este aqui. Obrigada!). Achei lindo, achei feminino, achei que seria uma boa saída para mim. Fazia tempo que eu queria mudar e aquela parecia ser minha brecha.
Comecei pelas roupas, depois o cabelo (com a mudança para o ruivo, algo que marcou muito para mim), a maquiagem, os acessórios. Num certo momento, tudo parecia harmonioso, mesmo com os quilos a mais. Me senti bonita como nunca na vida. Aprendi a valorizar as formas do meu corpo e realçar meus traços com a maquiagem. Parecia finalmente ter cumprido a minha tarefa nesta parte.
O tempo foi passando e eu fui mudando as minhas prioridades no que diz respeito ao vestir e se arrumar. O conhecimento ficou, a confiança também, isso é maravilhoso. O jeito de vestir já não é mais exatamente este que contei, mas quando olho no espelho fico feliz que continuo a mostrar quem eu sou também através do meu exterior.
E continuei a engordar. Até que chegou um momento no ano passado em que eu, morando num sobrado, não tinha fôlego para subir as escadas da minha própria casa. Sentia um cansaço sem fim. Dores nas costas horríveis não me deixavam dormir bem, o que fazia com que eu acordasse sempre com uma baita dor de cabeça. Joelhos e calcanhares começaram a reclamar também. Comer mal e muito causava um refluxo que não me deixava em paz. Eu me vi presa (num sentido de estar limitada) dentro do meu próprio corpo e resolvi fazer algo para dar um jeito nisso.
Do ano passado para cá uma nova rotina começou na minha vida: reeducação alimentar, acompanhamento de médico e nutricionista, aulas de pilates três vezes por semana, fazer caminhada, andar de bicicleta. Não caiu nada do céu, mas também não foi a coisa mais impossível do mundo. O papo parece repetitivo, mas é verdadeiro: tem que ter força de vontade, consistência e consciência. Tem que se dedicar. O balão ficou no meu estômago até julho, ele só serviu para agilizar o processo. Sem todos os outros cuidados, ele não teria resolvido nada.
Não é por não ser impossível que seja fácil. Você resolve emagrecer para cuidar da sua saúde (o estético é consequência, pelo menos para mim) e nota que algumas pessoas te olham com dó porque você não vai comer determinadas coisas, as mesmas coisas que fizeram com que você chegasse muito muito perto dos 100 quilos. Teve gente que sumiu, sério. Eu podia ir para o bar, para o restaurante, eu me viraria bem. Quando me dei conta disso, resolvi não gritar aos quatro cantos como era a minha nova rotina, quanto peso eu tinha perdido desde a última pesagem, como era o meu prato colorido no almoço. Para algumas pessoas, compartilhar essas coisas até servem como motivação, para mim bastava eu ficar quieta no meu canto e continuar firme com o meu plano.
Eu vi que a minha vida era muito mais do que este assunto do emagrecimento, por isso sempre falei aqui no blog meio por cima, tipo “fiz essa peça nova porque estou sem partes de baixo que me sirvam bem”. Passei por muitas outras coisas paralelamente durante este ano, que está sendo muito intenso e cansativo mentalmente para mim e esse definitivamente não era um assunto único e nem o principal.
Vi o quanto a minha família e alguns amigos me apoiaram, graças a Deus! Uma delícia quando a minha mãe me chama para almoçar em casa num domingo e prepara algo gostoso e que eu posso comer numa boa. O marido que cozinha muito bem resolveu me acompanhar comendo as mesmas coisas que eu, criou novos hábitos para ele e emagreceu junto. O mais legal é que nada aqui em casa é para acompanhar uma dieta, é apenas a nossa alimentação certa e gostosa de todo dia.
É muito engraçado como a vida e os encontros das pessoas giram em torno de comida. Se for bem gordinha então… Rs! Hoje em dia eu me dou a liberdade de beber uma cervejinha por semana e comer um petisco no bar de vez em quando. Porque sei que está tudo sob controle e que a minha alimentação diária não é essa, porque sei que farei exercícios e vou compensar isso depois.
Eu resolvi contar tudo isso só agora para contar o resultado, para ficar longe de julgamentos diversos (porque eles existem, eu os vivenciei) e ter um olhar até menos rancoroso, pois no início eu sofri um pouco por ser tratada como “coitada” por não poder pizza, coxinha e brigadeiro por um tempo e iria acabar descontando até em quem não deveria. Agora eu já não me sinto mais isolada como antes e a minha vida segue normalmente, então consigo falar melhor sobre isso.
E eu preciso confessar que eu me assustei quando fui postando alguns looks pelas redes sociais (pelo bem do blog e das costuras) e recebia comentários como “magra!”, que para mim soavam como magra = bonita. Eu entendo que é um elogio, que quem o fez tinha a melhor das intenções. Mas é que eu sei que o contrário de magra = bonita é gorda = feia/desleixada, isso é que me incomoda. Antes de perder os 21kg, eu já me cuidava, procurava estar bem vestida, andava maquiada e com o cabelo sempre ajeitado. Esse é um assunto muito delicado, né?! Acho que nem vou continuar por esse caminho, porque ele vai dobrar o tamanho do post, rs!
Só que eu tenho que contar que eu fico feliz por ter iniciado os posts de look do dia no auge do meu peso. Fiquei feliz porque a roupa estava muito legal, porque eu estava me sentindo bonita. Não deixei de costurar para mim mesma, que é um dos meus maiores prazeres na vida, por estar gorda. Sim, eu maneirei em alguns tipos de peça, porque já tinha um plano em mente, mas segui em frente e fico feliz de não ter desistido ao ver as primeiras fotos.
Na verdade, tecnicamente eu não sou magra hoje em dia. Estou na faixa do IMC de sobrepeso (antes era obesidade grau 1, perto do grau 2), aqui ainda tem pancinha, culote, bracinho gordo. Por outro lado, a gordinha aqui tem disposição, força física (sem ser musculosa) e exames que nunca foram tão lindos na vida, nem quando eu era magra.
A calça jeans tamanho 42 de uns bons anos atrás voltou a servir e eu ando feliz da vida com ela. Fiz até uma blusa para acompanhá-la em sua reestreia, rs! Logo menos vai aparecer aqui no blog, prometo (já apareceu, está aqui)! Para algumas pessoas vestir 42 é um absurdo, para mim é maravilhoso. O número desta calça me serviu como uma referência pois, ao costurar boa parte de minhas roupas há um tempo, já não tinha mais esta noção.
Enfim, o que eu posso dizer desta minha jornada (que não acabou, na verdade parece estar apenas começando) é que nos últimos anos eu aprendi a conhecer o meu corpo, independente das medidas dele, e gostar dele como ele é: bracinhos gordos que ao longo do tempo foram devidamente adornados com tatuagens que eu amo, cintura um tanto mais fina que o quadril e que eu adoro realçá-la. Não tem problema que eu não tenho peito, aprendi que certas modelagens deixam o meu colo bem bonito. E por aí vai. A diferença é que eu agora lido com essas particularidades minhas estando com a parte física em dia, sabe?
O que eu quero dizer para concluir este post é que a gente não pode ser refém do nosso corpo no sentindo de não cuidar dele a ponto de termos problemas de saúde e não conseguirmos viver a nossa vida direito. Eu acho fundamental reconhecer todas as particularidades da gente mesma. Não se espelhar em algum padrão ou imagem que não temos como alcançar. Eu sou gordinha, com mancha na pele, com culote, tenho pouco peito, celulite e pancinha. Nada disso é depreciativo, sou apenas eu, entre tantas outras coisas.
E você? Bora conhecer mais sobre suas particularidades e beleza única?
Beijos!
Katia