Olá!
Costurar é um ato mecânico, assim como dirigir ou como andar de bicicleta. A gente aprende e não esquece mais, com o tempo não tem problemas em usar máquinas diferentes pois o princípio de funcionamento é quase que o mesmo para todas.
Lembro bem da minha primeira aula de costura em 2011 com a mestra Patricia (beijo, Pat) quando ela, depois de saber as motivações que me levaram até sua aula, me disse que se eu sabia dirigir eu também saberia costurar. Porque é um exercício de conciliar as mãos no controle do tecido na máquina e saber dosar a força do pé no pedal que a acelera. Assim como comandamos um carro. Fez todo o sentido para mim.
Quem dirige há muito tempo movimenta o volante, troca a marcha e comanda os pedais de maneira praticamente automática, sem raciocinar muito sobre cada movimento. Isso também vale para a máquina de costura.
Depois que a gente acha fácil costurar reto, vem o desafio de costurar em curva, de colocar um viés e assim por diante. Nada dessas coisas é impossível, senão praticamente ninguém saberia fazer.
Montar peças de roupa “do zero” também funciona assim. É capaz que a primeira tentativa não fique perfeita, mas se a roupa tem potencial, vale a pena tentar mais uma vez.
Eu tenho algumas peças que eu gostei tanto que, mesmo com alguns defeitos iniciais, fiz de novo. Todas valeram a pena. E cada nova peça que saía, melhor ela ficava. Seja a costura na curva da blusa com mangas bem rodadas, seja o vestido que teve mais alguns ajustes no molde antes que um segundo fosse costurado, seja a pantalona que ficou boa em malha e também no linho com viscose.
Reuni neste post alguns exemplos de moldes que executei mais de uma vez ou de materiais que fui repetindo ao longo do tempo para mostrar para você:
Blusa Taffy – Molde do livro The Colette Sewing Handbook
1a blusa Taffy, em chiffon. Desisti dela, depois de muito tempo encostada, quando vi que a cortei muito torta, na época não sabia lidar com esse tipo de tecido. E ter que cortá-lo em viés só piorou a situação. Em algum momento eu tentarei de novo em musseline, por exemplo!
2a blusa Taffy, em algodão com acabamento em viés pronto com ponto ajour. Sabia que o modelo tinha potencial, então tentei em um tecido que eu sabia que conseguiria fazer. Ficou linda!
3a blusa Taffy, em algodão com acabamento em viés do mesmo tecido. Para ter uma versão da blusa em tecido de fundo escuro. Foi mais fácil ainda de fazer e o viés foi mais desafiador, mas deu certo quando dei o acabamento do viés em ponto invisível à mão.
4a blusa Taffy, em laise com acabamento em algodão liso. Acho que é a melhor de todas, com acabamento todo à máquina, foi fácil e muito rápido de fazer!
Vestido Crepe – Molde Colette Patterns
1o vestido Crepe: em algodão com faixa em tecido diferente e decote de coração. Ficou bem feito, mas eu conheço alguns defeitinhos dele. Precisou de ajustes que eu não conseguia prever ainda no molde. Ainda assim o resultado ficou bom e eu uso muito!
2o vestido Crepe: em algodão com faixa do mesmo tecido e decote canoa. Foi mais fácil de fazer, quase um ano depois, pois sabia dos errinhos do primeiro. Com os problemas e errinhos em mente, os ajustes principais foram feitos ainda no molde e ele ficou pronto mais rápido e assenta melhor que o primeiro. Gosto dele tanto quanto do primeiro!
Pantalona – Molde da revista Burda
1a pantalona: meu primeiro trabalho em malha, fiz todo na aula de costura, então todas as questões de modelagem foram resolvidas com a Lurdes, o que facilitou muito. Amo muito esta calça!
2a pantalona: fiz sozinha em casa, com o molde da primeira, em linho com viscose. Hoje eu teria feito um pouco mais larga, pois o linho não tem elasticidade como a malha e, apesar de assentar super bem no corpo, algumas costuras estão começando a ceder. Adoro usar quando está mais quente!
3a e 4a pantalonas: mesmo molde, em malha, mas fazendo toda sozinha em casa sem problemas. Fiz duas de uma vez, uma cinza para mim e uma preta para minha prima Fernanda. Fechei a peça na minha overloque, fiz toda a parte do cós na minha máquina e usei agulha dupla para fazer a barra. Tudo como eu tinha aprendido na aula.
As tentativas, para cumprir a função de pegar mais prática, também servem para saber lidar com tecidos mais difíceis, como o cetim, que tende a escorregar bastate.
Mistura de materiais e novos materiais:
1a peça forrada com cetim: vestido de crepe. Foi uma tortura para cortar o cetim e difícil também de preparar o forro. Quando chegou a hora de colocar o forro no vestido, muitos pequenos ajustes foram necessários para dar certo.
2a peça forrada com cetim, um ano depois: capa de lã. Manusear, cortar e costurar já foi bem mais fácil, sem grandes tropeços na hora da montagem da capa. A capa ainda não está pronta, mas até agora tem ido tudo bem.
Já outros dão certo logo de primeira, como tudo o que eu já fiz usando lã. Lã é uma delícia de costurar, fácil de manusear e meu guardarroupa de inverno agradece!
Então, sempre que você achar que costurar não é fácil, lembre que andar de bicicleta ou dirigir um carro dificilmente sai perfeito de primeira. Treine mais um pouco, exercite mais o que falta aprimorar em novas peças e tecidos diferentes. Faça mais testes. Tenho certeza que o resultado lá adiante será muito compensador!
Beijos!