Sobre o que é histórico, o que é “moderno” e o que vale a pena.

Olá!
Eu amo morar em São Paulo, já disse isso muitas vezes por aqui. Mas uma das coisas que menos gosto é que esta cidade muitas vezes tem “cara de nada”, sabe? Você consegue definir se as construções daqui tem alguma unidade? Eu não consigo.

Talvez até dê para definir, só que não sou arquiteta, mas enfim… Lógico que grandes marcos da cidade como o lindo Parque do Ibirapuera não serão descaracterizados ao longo do tempo. Mas pequenos prédios que continham traços de suas escolas arquitetônicas vão sendo demolidos para a construção de prédios “modernos”.

Lembro que aprendi na faculdade, em História da Arte, que moderno se referia ao Modernismo, depois dele houve o período pós-moderno e o que é mais recente é contemporâneo. Alguém me corrija se eu estiver errada.

Assim sendo, o contemporâneo é um tempo muito estranho para mim, com “cara de nada”. Folheio a Elle do mês e encontro matérias como “o novo grunge” e “o novo clássico”. Encontro um artigo da Folha compartilhado no Facebook sobre a demolição de um prédio moderno (este sim) que fica em frente ao salão de cabeleireiro que frequento.

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Antes, nos bons tempos…

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… e semana passada, parte demolido.

Novo clássico para mim não existe. Clássico é clássico e pronto. É coisa atemporal, não tem novo ou velho. Serviu lá atrás e vai continuar servindo para sempre.

O novo grunge já está nas lojas. Mas a nova, boa, surpreeendente e (por que não) revolucionária música não está no rádio. O Grunge surgiu no começo dos anos 90 como um movimento musical, a roupa e a moda toda vieram junto. As boas músicas de hoje não fazem parte de nenhum movimento novo, como um dia foi o Punk ou foi o Grunge, são muitas releituras bem executadas de coisas boas que já existem. O mesmo diz respeito às roupas e nas roupas de hoje a releitura nem sempre é boa e nem sempre é bem executada…

Eu acredito que a liberdade de ser o que quiser e a vantagem de buscar referências facilmente nos dias de hoje causam isso. Eu já sinto falta daquela Rua Augusta “podrinha” de poucos anos atrás, sabe? Eu tenho saudades do Vegas, que também foi demolido. Mas eu gosto de quem se torna responsável por adquirir um imóvel antigo e não descaracterizá-lo para poder ganhar seu dinheiro com ele: como o bar Z Carniceria, que tem esse nome por antigamente abrigar um açougue, também na rua Augusta. Ele é simples e decorado no tema na medida. Tem uma árvore na frente, se eu não me engano tem um “orelhão” também. E daí que tampam a fachada? A bebida é boa, assim como as coxinhas da Dadá que eu amo e a música também. Sem frescura ou itens “hype”. Não precisaram abrir um negócio “moderno” para serem bons. Mas as referências antigas estão lá, sendo bem usadas na minha opinião.

Dá pra perceber a confusão? O que é antigo e que acham legal serve de referência, o que não é legal ou que não vale a pena financeiramente vai pro chão. O que vai sobrar desta década e da década anterior para contar história? Eu realmente não sei. Talvez serão os anos em que descobriram que as décadas do século passado eram interessantes, que geraram uma “cara de nada” específica.

Antes, por não ter referências tão à mão, as pessoas criavam novidades do zero, estas mesmas que são referências para nós hoje em dia. Será que vamos ter que nos isolar de novo para poder criar algo realmente novo? Ou viver em uma grande crise, momento de criar alternativas para suprir coisas que não cabem mais no cotidiano?

Eu prefiro acreditar que estamos dando dois passos para trás hoje para dar vários pra frente depois.

Seja na preservação da cidade, na moda, na educação das crianças (aliás, deve ser uma tarefa quase heróica esta última). Terminei de ler ontem um livro (vai ganhar um post ainda esta semana) que mostra coisas que as nossas mães e avós faziam, que não são nada complicadas e que foram se perdendo com o tempo. Hoje se mostram boas alternativas para uma vida mais simples e melhor.

Eu estou aqui repensando meus hábitos, dando dois passos para trás para dar muitos para frente depois e, quem sabe, deixar algo de bom para quem vier depois de mim.

11 Anos de Blog!
10 anos de blog – O que vem depois?
Minha faxina no armário e costuras mais conscientes

Olá!

Eu contei no post de 2a feira que fiz uma bela faxina no meu guardarroupas na semana passada. Adiei este momento durante o ano passado inteiro, pois no primeiro semestre eu estava mais gordinha que o habitual e não dá para tentar arrumar o armário vendo roupas lindas que não servem e ficar com a cabeça tranquila ao mesmo tempo.

Momentos de baixa auto-estima não são bons para fazer arrumação no armário, pelo menos para mim. Então o jeito foi esperar uma fase de cuca mais fresca para fazer isso.

Umas oito horas depois, o resultado foi de 18,3 quilos de roupas a menos no armário, divididos em 5 sacolas grandes para doação. Tanta roupa muuuito pequena e tanta coisa que já não combinava mais comigo! O melhor foi passar adiante um tanto de roupas que foram bem utilizadas por mim mas que ainda poderão ser aproveitadas por outras pessoas, já que estava tudo em bom estado. Foi um alívio ver tudo pronto para o novo ciclo de um ano!

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Tchau!

Mais gostoso ainda foi ver que eu tenho hoje em dia um guardarroupas colorido e estampado, do jeito que eu gosto! E que tem um tanto de roupas que eu mesma fiz e que são o meu xodó!

Eu acho legal compartilhar isso por aqui por ser um blog de costura e por “abrigar” as minhas próprias costuras. São poucas as peças que eu fiz que ficam paradas, só se for por algum motivo como ser uma roupa de festa ou ser uma roupa mais para o frio.

E as regras que aprendi com as meninas da Oficina de Estilo também continuam valendo:
– Para cada parte de baixo que a gente tem, três partes de cima têm que combinar com ela, para que todas sejam bem aproveitadas. E que combinar cada parte de baixo com cinco partes de cima é o mundo ideal!
– Daqui em diante eu volto para a tática de só entrar uma peça nova se uma usada/antiga sair do armário. Porque o armário é pequeno e permaneceu bem recheado. Então, precisar de roupa nova realmente eu não preciso, mas eu sou realista e sei que vai acabar acontecendo… ainda mais costurando em casa, fazendo aulas de costura e tendo amiga estilista de mão cheia, rs!
– Priorizar tecidos naturais (sinal verde para o monte de peças em algodão que eu tenho!)
– Atender minhas prioridades de vida e de alma (de vestir o que tem a ver com a gente e com a vida que a gente leva, resumindo).

Alguns exemplos do que essa arrumação e reflexão renderam:
Eu tenho dois shorts de algodão (um deles fui eu que fiz), um shorts jeans recém comprado e um macacão de verão (que eu conto como parte de baixo). Por isso, um novo shorts de algodão vai ser benvindo. Está nos meus planos fazer uma jardineira em sarja verde, que já comprei o tecido. E esta parte por enquanto creio estar ok.

Falando ainda de partes de baixo, eu tenho atualmente duas calças jeans (uma skinny e uma reta), a pantalona azul de malha que eu fiz e uma calça preta de veludo cotelê. Ou seja, não são muitas peças (ufa!) e nenhuma delas serve para tempos mais quentes.

Lembra da história do linho que foi premiado com cocô de pombo (rs) que eu contei dia desses? Pois bem, ele viraria mais um vestido, só que eu tenho muitos. Eu sempre soube disso mas ignorava totalmente o fato, rs! Depois da limpeza do armário eu resolvi transformar este linho em mais uma calça e, se sobrar tecido, eu monto mais alguma peça. Aí terei uma calça mais fresquinha para usar.

Não esqueci que tenho mais duas malhas para fazer pantalonas. Depois destas três calças novas, acho que estarei bem abastecida nesta parte.

O pulo do gato será fazer boas coordenações destas partes de baixo com as de cima. O ideal é combinar com 3 partes de cima que sejam diferentes umas das outras para criar looks bem diferentes entre si. O “mundo perfeito” é ter 5 partes de cima que coordenem bem com as partes de baixo, estamos trabalhando para isso.

Semana passada eu fui ao shopping e não caí em algumas tentações por estar com a lembrança de todo meu armário bem fresquinha na minha cabeça. Por exemplo, eu amo casaquinhos de linha. Quase comprei um bem fofo na C&A e deixei para trás porque eu lembrei que a gaveta com estas peças continua bem cheinha depois da faxina toda. Se eu comprar um novo, um antigo terá que sair, pronto.

Aliás, a visita ao shopping foi necessária para comprar partes de baixo para eu usar nas minhas caminhadas e corridas. Se possível, faço isso todos os dias e vi que não tinha roupa suficiente para esta frequência. Aliás, não é fácil comprar bermudas ou calças corsário para quem tem bumbunzão, por isso que eu tinha poucas. Achei duas peças legais na Adidas que vão me deixar equipada na medida.

E, para manter o controle do que eu uso (ou não) para a revisão do armário no ano que vem eu colei etiquetinhas redondas – daquelas de fechar envelopes – em cada peça. Se uso, sai a etiqueta. Se encontrar a etiqueta na peça em fevereiro de 2015, é sinal que não usei o ano todo e ela sai do armário. É fácil e funciona bem!

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Este é o meu armário arrumado. Ele é pequeno mas cabe tudo (tem que caber, rs!). Mais para baixo tem mais três gavetas. Está vendo algumas das bolinhas amarelas de controle?

Agora estou na arrumação da sapateira. Um monte de sandálias antigas (lindas, aliás) com saltos altíssimos e tiras bem finas saíram do armário. Não consigo andar mais com calçados deste tipo e eles nem combinam tanto com as roupas que eu tenho atualmente. O que ficou foi o seguinte: sandálias e sapatos mais fechados (muitos de salto bem alto, porque eu não resisto), calçados de salto médio e sapatilhas que eu uso muito, botas e tênis. Saíram também praticamente todas as rasteirinhas, pois meus pés são largos e sempre ficam desengonçados com este tipo de calçado. Rasteirinha para mim hoje em dia é Havaianas, daquela unissex que não tem tiras finas, e ponto final.

Na parte de calçados eu estou bem resolvida, não compro muitos sapatos e uso bastante os que eu tenho. Mas com a arrumação que está em andamento vi que realmente só pode entrar calçado novo se mais algum sair, pois também não tenho mais onde acomodar. E ele tem que ser realmente incrível, para “competir” com algumas lindezas que eu tenho e que gosto muito.

Estou muito feliz com o resultado que alcancei até agora. Dá um trabalho considerável, mas a sensação de só ter o que a gente vai usar é muito boa e agiliza muito a vida na hora de se vestir.

Para quem quiser aprofundar o assunto, eu recomendo muito o livro das meninas da Oficina de Estilo, onde a questão de estilo é levada de um jeito bem bacana e individual e a questão de montar e administrar o guardarroupas é fácil de entender e implementar. Foi a minha inspiração maior para que isso tudo acontecesse.

E alguns pensamentos meus sobre estilo, gostos e a gente se permitir ser o que quiser estão neste post.

Espero que tenha gostado!
Beijos!

11 Anos de Blog!
Como é o meu vestir em 2023
O amor pela costura à mão

Olá!

Se uma pessoa tem um blog sobre costura há quase um ano, é porque o assunto no mínimo lhe interessa, certo? Sim, eu amo costurar! Mas tenho que assumir um amor muito especial e bem antigo que é a costura à mão.

Terminando uma blusa que leva alguns botões nas costas e cavas que pedem acabamento à mão com pontos invisíveis não me desanima… Mesmo que a máquina tenha função de pregar botões e de fazer bainha invisível, eu prefiro fazer à mão.

As minhas primeiras costuras à mão provavelmente foram os alinhavos que eu tinha que fazer antes de dar acabamento com barrados de crochê nas peças que eu bordava para a minha mãe e para a minha sogra quando eu era mais nova.

Lembra que quando eu contei sobre por que aprender a costurar? Dá pra sentir se existe um amor por costura mesmo sem ter uma máquina por perto, apenas com linha, agulha e tesoura.

Sempre me dá aquela sensação gostosa de um carinho a mais pelo que a gente faz, porque leva um tempinho, mas eu sempre me sinto em paz nessas horas, sério. E a cara de “eu que fiz” que fica no final? Eu acho lindo!

Nos últimos dias, as costuras à mão apareceram:

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Nos pontos invisíveis das cavas e nos botões colocados na nova blusa

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Na colcha de retalhos que cresce a cada pedacinho;

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Na almofada bordada com viés de acabamento colocado à mão;

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No quilt de duas outras almofadas e na aplicação de hexágonos em uma delas;

– No acabamento com pontos invisíveis do presente de aniversário da afilhada;
– No alinhavo das pences do shorts que está em andamento.

Eu tenho folheado alguns livros que tenho em casa sobre técnicas e acabamentos feitos à mão e ainda não sei tudo, mas estas soluções mais simples já atendem bem o que preciso. Algumas outras foram substituídas por funções que as máquinas atuais cumprem muito bem, como fazer casas para botões.

É importante saber o que uma máquina de costura pode fazer bem mais rápido e com a mesma qualidade de uma costura à mão, como casear ou chulear/fazer ziguezague em uma peça. Mas temos que lembrar sempre o que a costura à mão tem seu valor também!

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Apetrechos para o quilt da minha colcha de retalhos, que será feito à mão!

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Espero que este post tenha te animado para costurar à mão também!
Beijos e boas costuras!

11 Anos de Blog!
10 anos de blog – O que vem depois?
Katia Linden
Sou de São Paulo, publicitária de formação, professora de costura por paixão e escolhas da vida. Sou também várias outras coisas por convicção: feminista, mãe de cachorros, tatuada, amante de música, viciada em Grey's Anatomy, costureira, modelista, consultora de estilo e (também, ufa) autora deste blog.
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Um manifesto para 2022
Vencendo a minha maior resistência: vender!