Sobre paciência, atenção e perseverança
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Blusa de castigo no cabide por três semanas.

Olá!

Na tarde de 4a feira coloquei três cortes de linho em cores diferentes de molho (em baldes separados), para tirar alguma goma deles e para encolher. Sempre é bom fazer isso com os tecidos naturais. Assim ficaram por algumas horas. Escorri um a um, passei por água corrente e, por último, uma colher de sal em cada balde da última água limpa para ajudar a manter a cor.

Espremi um a um e estiquei em um varal para secar, na varanda de casa. Deixei bem perto da porta para não pegar sol quando amanhecesse. Ontem de manhã, quando fui recolher, uma surpresa: um dos tecidos tinha sido “atingido” por cocô de pombo, em dois lugares diferentes. Ai que raiva!

Respira Katia, respira!

Recolhi tudo, guardei os dois tecidos limpos e lá fui eu lavar o tecido lindo e sujo à mão.
Por uma certa impaciência (ou raiva mesmo) com o ocorrido, enxaguei e centrifuguei à máquina (mesmo sabendo que não deveria, linho e seda não gostam de máquina de lavar). Deixei secando dentro de casa, já que não iria pingar e não queria correr mais riscos colocando na varanda novamente.

Desabafei no Facebook pedindo dicas de como espantar pombos. Dicas recebidas (obrigada Bia, Vanessa B., dona Ilda e Vanessa A.!). Vou procurar o produto indicado e a coruja de madeira neste final de semana!
Enquanto preparava estes mesmos linhos para a costura no dia anterior, resolvi que teria um pouco de paciência e retomaria uma blusa que estava parada.

(Parênteses: Tinha começado a fazer a blusa há algumas semanas, um modelo bem bonito num tecido que adoro, com fechamento nas costas, diferente de tudo que eu tenho no armário. Fiz quase tudo e quando fui vestir, não gostei do resultado. Ficou parada. Dias depois, aproveitei a visita dos meus pais em casa para pedir à minha mãe que me ajudasse a marcar os ajustes necessários na blusa.

Problema principal, o decote que estava muito alto, quase me enforcando. Por preguiça de desfazer uma costura tão perfeita, pedi que minha mãe aumentasse o espaço das costas, na parte onde vão os botões e casas para folgar tudo. Aí ouço: “filha, o certo mesmo é você refazer esse decote. Mas se é assim que você quer…”

Ela alfinetou também as laterais e deixou uma marca de onde deveria ficar o último botão nas costas. E assim a blusa ficou por alguns dias, marcada e parada. Rolou um desânimo com o projeto, eu assumo.

Admirando a lindeza do tecido, peguei a blusa na noite de 4a feira e pedi ao marido me ajudasse a provar, devolvendo as costas às posições originais do fechamento. Alfinetei a nova abertura do decote e fui dormir animada. Fim dos parênteses.)

Depois de lavar o tecido acidentado por algum pombo que resolveu morar no meu telhado, o que não estava nos meus planos, fui mexer na blusa. Fiquei pensando que este é um dos tecidos Liberty mais lindos que eu já tinha comprado e a blusa ficará muito boa com um shorts jeans que eu comprei há poucos dias, com uma saia plissada que eu adoro, com a minha querida pantalona e com um futuro shorts de algodão que quero fazer.

Marquei tudo com o giz, descosturei o lindo decote que estava feito com revel (esse da foto do começo do post) e mudei o projeto, usando um viés lindo para dar o novo acabamento. Eu queria usar o viés bonito desde o começo do projeto, prova de que coincidências não existem mesmo.
Respirei mais uma vez, pois encostar a tesoura em peça que já está quase pronta me dá aflição. Cortei o tanto necessário para abrir o decote. Apliquei o viés que queria usar desde o começo.

Novidade: consegui provar a peça sozinha, já que consigo vestí-la fechada depois de alterado o decote. O caimento ficou incrivelmente melhor!
Notei que as alterações nas laterais que a minha mãe havia marcado ainda se faziam necessárias. Marquei com o giz, alfinetei, costurei, desfiz as costuras anteriores que incluíam o caminho mais curto de unir as duas pontas e passar uma costura de acabamento só, que a minha mãe também reprovou quando viu.

Abri as costuras a ferro e fui provar mais uma vez. Estava tudo no lugar, oba!
Prossegui as costuras necessárias para acabar a peça, desejando que acontecesse ainda no mesmo dia.

Pausa para uma saída que já estava programada para resolver algumas coisas. No caminho de volta, uma ligação para a minha mãe contando que havia retomado a blusa, que tinha consertado o decote e que os acertos que ela tinha marcado ficaram bons.

Chegando em casa, fiz as casas de botão e o trabalho à máquina terminou. Levei a blusa para a sala, liguei o ventilador, abri as casas, preguei os botões e fiz parte do acabamento à mão nas cavas em frente a TV.

Fim do expediente. Fui jantar na casa dos meus pais e aproveitei para mostrar a blusa quase pronta para a minha mãe, que pareceu satisfeita.

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Quase pronta.

Na manhã de hoje, concluí as costuras à mão. Em mais uma prova, decidi colocar mais um botão e assim a cintura ficaria mais bonita. Fiz o que faltava para terminar. Pausa para o almoço. Uma última passada a ferro em toda a peça e a blusa está pronta! E eu adorei como ficou

Fotos e texto para o blog (vem ver mais na 2a feira!). Fim do projeto.

Concluí que o retrabalho e as poucas etapas que faltavam para fazer a blusa me tomaram pouco mais de um dia. A atenção ao projeto desde o começo teria feito com que eu gastasse menos tempo para fazer, mas a atenção aos detalhes também toma tempo e eu sou muito detalhista. A paciência de segurar a ansiedade, respirar fundo e ir mexendo parte a parte até que tudo fique bom, sem pular etapas. E a perseverança para não deixar a peça de lado definitivamente, já que está começada – num dos tecidos mais lindos que eu tinha – tem que ser terminada, sem “pegar bode” dela depois.

Ao costurar ou fazer qualquer atividade artesanal é preciso ter paciência, atenção e perseverança, já que nem sempre as coisas dão certo na primeira tentativa. Mas a alegria de terminar, de ficar como pretendido no começo e ficar doida para usar (ou presentear) faz todo o percurso valer a pena.

(Último parênteses: o linho acidentado resistiu bravamente ao cocô de pombo, à lavagem, ao enxágue e centrífuga na máquina. Está esperando “na fila” para virar um vestido. Quando isso acontecer, eu sei que vou lembrar deste dia, rs!)

Beijos, bom final de semana e boas costuras!

11 Anos de Blog!
10 anos de blog – O que vem depois?
7 anos de casamento (ou Bodas de Lã)

Olá!

Ontem eu completei 7 anos de casada. Eu e o marido estamos há quase 18 anos juntos. Aos 34 anos, estou na fase da vida em que passei mais tempo com ele do que sem. Números grandes como esses às vezes assustam, mas também encorajam.

O melhor dos últimos anos foi simplesmente aproveitar o momento nessas datas especiais, sem criar expectativa demais. Ontem cuidamos da casa de manhã, almoçamos fora, cochilamos à tarde com aquele barulhinho bom da TV ligada no volume baixinho e à noite saímos para jantar.
Não precisamos de mais que isso. Não trocamos presentes, como tem sido o nosso hábito, e o dia inteiro foi ótimo!

Se eu puder dar uma dica para quem está começando uma caminhada como essa ao lado de alguém, eu na verdade daria três:
– Conciliação: Por mais companheiros e cúmplices que sejam, se cada metade não conciliar seus interesses e vontades com a outra metade, se nunca cederem um pouquinho pelo outro, as coisas não vão para frente.
– Planos para o futuro: pode ser para a semana, pode ser para as próximas férias ou para a aposentadoria. Não cultivar planos e não ter objetivos para serem alcançados juntos deixa a relação muito “parada”. A nossa vida é bem mais legal e interessante quando temos algo em comum para ir atrás.
– Amor ao lar: eu sou bem “rueira” e amo viajar, mas cuidar do meu canto com ele (e com meus meninos peludos) faz toda a diferença. Da almofada nova na sala ao vasinho de flor à mesa em um dia comum, cuidar do espaço em comum ajuda demais.

Eu falo isso porque em alguns momentos já superados (ufa), nós passamos pela falta de alguma dessas coisas. E isso doeu. Se o amor é suficiente para recuperar o que falta, também já é meio caminho andado. Simplesmente porque você está interessada no outro e no bem-estar do outro. Porque a vida dos dois juntos vale a pena.

Ri, meu marido, meu namorado, meu melhor amigo e minha cara metade: obrigada pelos nossos 7 anos juntos sob o mesmo teto! Obrigada pelo café na cama, pela paciência com meus surtos domésticos e costurísticos, por cuidar bem dos nossos filhos cachorros, por ser minha melhor companhia nas viagens. Que venham mais 7 anos por muitas vezes em nossa vida. Te amo!

Beijos!

11 Anos de Blog!
10 anos de blog – O que vem depois?
Black Friday, Boxing Day e outras coisas que não nos pertencem
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O primeiro arco-íris, de lindeza dupla, de 2014.
Eu vi enquanto cumpria meu plano de corrida fora da academia (que eu cansei de pagar e não ir).
Foi lindo, inspirador e de graça

Olá!
Desde o Black Friday, no final de novembro, eu estou com esse assunto na cabeça, mas só agora eu consegui parar para escrever sobre os pensamentos que tive de lá pra cá, ainda mais porque um evento de liquidação na semana passada reforçou a impressão geral que eu já tinha.
Eu sou publicitária por formação, mas não me vejo usando esse conhecimento para incentivar o consumismo exagerado. Acho que a propaganda e a publicidade podem sim ser bem usadas para levar ao consumo consciente, mostrar para as pessoas que tem algo legal que será realmente bom para elas disponível no mercado.

Aí vem o Black Friday, que aqui no Brasil é uma data comercial sem sentido. Nos Estados Unidos o Black Friday é uma grande liquidação no dia seguinte ao Dia de Ação de Graças, que nós não comemoramos por aqui.

Ou seja, sai o sentido muito legal do Dia de Ação de Graças, em que as pessoas se reunem em torno da mesa para agradecer o que de bom tiveram no ano e sobra só o consumismo. E aqui a gente sempre ouve das “pegadinhas” nos preços, toda vez.

“De leve”, teve lojista que tentou emplacar um Boxing Day, que é o equivalente internacional ao nosso bom e velho Saldão de Natal. Primeiro, que mal tem usar o nome de sempre? Porque ainda insistem em achar que o que é de fora é mais legal? Depois, será que estava barato mesmo?

Eu sei, eu também consumo uma porção de produtos e adoto uma porção de coisas de fora do Brasil no meu dia-a-dia, como os tecidos da Liberty, as muitas técnicas de Patchwork, as Tildas, o Furoshiki, muito em breve o Sashiko (uma técnica japonesa de bordado também usada para quilt). O que não faz com que eu queira parecer outra coisa diferente da que eu sou, entende?

Para mim, não tem festa mais bonita no Brasil do que qualquer uma das Festas Juninas, por exemplo. E eu não me empolgo nadinha em comemorar o Valentine’s Day (se for pra comemorar, que seja o Dia dos Namorados em junho mesmo, sem piração) ou o Halloween. Eu acho que a gente tem que comemorar o que nos pertence, principalmente quando isso não faz a gente comprar como doidos…

Ninguém mais lembra e nem comemora o dia de Cosme e Damião, reparou? Será porque não tem espaço na mídia por não levar as pessoas a comprarem nada, no máximo um saquinho de balas?

Que adianta comprar loucamente num Black Friday e correr o risco de não receber, de pagar caro achando que tem desconto de verdade mas não tem, de comprar algo por empolgação e depois ficar jogado num canto?

A gente tem que aproveitar as modas e as promoções para comprar o que a gente realmente quer ou precisa e sabe que vai usar depois. E não levar “gato por lebre”. Eu comprei um molde de uma blusa no Black Friday e comecei a fazer neste último final de semana. No momento da compra fiquei satisfeita pois comprei algo que eu queria há um tempo e sabia que o desconto era real. Pronto. No resto daquele dia eu tratei de fazer outra coisa.

Aí chegou o amigo secreto lá da Fon Fin Fan, alguns dias depois. Foi incrível. A proposta era de produzir um presente para levar na festa de encerramento do ano e sortear a pessoa presenteada na hora. Foi lindo ver pessoas com lágrimas de emoção nos olhos e com carinho enorme no olhar ao contar que fez o presente com amor e que o ano tinha sido especial. Era imensamente especial também ver a surpresa no rosto de quem ganhou e a satisfação de participar. Por essa bela iniciativa eu tiro o meu chapéu para as mestras Tati e dona Lucia.

Eu fiz o presente (que acabou indo para a Shirley) pensando que era algo que eu gostaria de ganhar e coloquei ali todo o carinho e capricho possível. Assim como eu sei que a Carolynne me presenteou da mesma forma com seu delicioso bolo. Fora o sentimento da não-obrigação de participar, sabe?

Para o Natal eu e o marido decidimos não comprar presentes extravagantes para as crianças, decidimos não trocar presentes e também presentear cada casa da família e alguns amigos com um Coração Divino. Fora que na família já temos um amigo secreto para trocar presentes de Natal e isso é mais do que suficiente.
Gastamos muito com isso tudo? Não. Foi fantástico? Com certeza.

Olha, cada um gasta o seu dinheiro do jeito que bem achar melhor, mas eu não engulo mais essas ocasiões criadas para as pessoas gastarem dinheiro sem pensar.

Fugi da correria das últimas coleções de estilistas famosos para as redes de fast fashion e não perdi nada.
Fugi das liquidações dos grandes lojistas e também não perdi nada.

Não troquei de carro com o apelo de 0% de IPI e não perdi nada.

No caso da moda, só vale a pena se estiver de acordo com o seu estilo, se for um bom achado para mostrar através da roupa quem a gente é (e não a roupa definir a pessoa). Fora que as remarcações sempre acontecem, é só ficar de olho. No caso dos magazines, se for para repor algo ou equipar em boas condições de venda a casa, ok.

Eu acompanhei por 3 dias (um dia antes, durante e um dia depois) os valores de uma máquina de overloque no Magazine Luiza, que fez uma Liquidação “Fantástica” na última 6a feira.

Sem entrar em detalhes de valores (eu já aporrinhei meus amigos do Facebook com isso, então chega, rs), o resumo da ópera era que depois da liquidação o preço final à vista era o melhor. E que o preço cheio era o mesmo da liquidação.

Os descontos foram mínimos e eu fiquei com a cara grudada no computador desde às 5h da manhã no dia da liquidação, esperando liberarem o site e esperando um belo desconto que não veio. E não comprei a máquina, mesmo no dia seguinte. Porque é muita sacanagem, com o perdão da palavra.
Eu não vou enlouquecer por não ter comprado a máquina, já me viro na costura há quase três anos sem ter uma, então eu vou continuar pesquisando.

Eu fico passada ao ler coisas do tipo:

“Quero comprar uma bicicleta ergométrica”, diz Olga, que prevê também levar um notebook. “Acho que vou gastar R$ 2.000, mas pode ser muito mais. Quando eu começo a gastar, meu filho, tenho até medo de mim.” (fonte)

De novo, cada um faz o que bem entender com o seu dinheiro, as pessoas que estão na fila da liquidação podem ter economizado o ano inteiro para isso. Mas… sei lá, a coisa toda está muito errada.

Eu me dei conta que não sou o público deste tipo de ação, consegui certificar isso no fim das contas.

No mesmo dia, depois de desistir desse negócio de liquidação, eu fui às lojas da região da 25 de março comprar materiais com uma amiga, já estava programado. Fui com lista preparada e praticamente não fugi dela (trouxe botões bonitos e neutros que vou acabar usando e dois tecidos a mais da lista, porque realmente valiam a pena pelo preço). Voltei satisfeita por ter trazido para casa coisas que sei que vou usar, a preços que considerei justos.

E lá na frente esses materiais vão render produções de costura que serão a minha cara e que valerão muito mais em termos de uso e identificação comigo mesma do que uma pilha de roupas escolhidas às pressas em uma liquidação só porque estavam baratas.

No fim das contas o que mais importa é que a vida segue tranquilamente quando estamos satisfeitos com o que temos e o que somos, certo?!

Beijos e muito juízo para nós todos!

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Katia Linden
Sou de São Paulo, publicitária de formação, professora de costura por paixão e escolhas da vida. Sou também várias outras coisas por convicção: feminista, mãe de cachorros, tatuada, amante de música, viciada em Grey's Anatomy, costureira, modelista, consultora de estilo e (também, ufa) autora deste blog.
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