Minha primeira camisa de seda e uma viagem diferente

Olá!

Já virou um costume meu de preparar uma peça nova de roupa às vésperas de uma viagem. Pode ser um shorts vapt-vupt para passar um feriado na praia (aqui) ou uma peça mais trabalhosa como uma jaqueta bomber forrada para uns dias de férias (aqui).

Pois bem, depois de terminar a camisa que concluía uma etapa do curso de modelagem (contei neste post), comecei o desenvolvimento de uma peça destas para mim em outubro.

Primeiro construí uma base de corpo com as minhas medidas, que não ficou certa de primeira. Na segunda tentativa deu certo. Aí, na hora de costurar e provar, particularidades do meu corpo que não estavam contempladas no papel e nos cálculos apareceram: ombros caídos e a minha corcundinha (que já melhorou muito depois de fazer Pilates desde o ano passado, mas ainda existe). Algumas alterações depois, com a ajuda da mestra Angélica, eu tinha a minha base de corpo pronta para prosseguir com os trabalhos.

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Fiz uma camisa no morin, tecido bem simples de algodão para testar o modelo da camisa. Deu tudo certo no corpo e na gola, já as mangas… Ficaram justas por conta dos meus braços gordinhos, rs!

Fui procurar uma solução nos meus livros e encontrei uma forma de aumentar o volume sem mexer na cabeça da manga no livro da Burda (já escrevi sobre ele aqui). Resolvida esta parte, tinha que escolher a manga que queria fazer: se uma manga “simples” com punho e carcela – de simples não tem nada, só é uma das mais usadas em camisas – ou se uma manga evasê para ficar franzidinha junto ao punho.

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Escolhi a segunda opção e lá fui eu costurar no tecido definitivo, um crepe de seda delicado e maravilhoso da Liberty (capaz que seja o tecido mais caro que eu já tive coragem de comprar). Esta peça já faz parte das costuras que priorizei depois de pensar em uma nova paleta de cores para mim (contei sobre isso ontem – aqui).

Costurar tecidos delicados rendem o dobro de trabalho, na hora de cortar para não escorregar e na hora de costurar também. Cortei num dia e fui costurar no outro. Levei dois dias para terminar, pois fui intercalando com outras atividades “do lar”, rs. Creio que 95% das etapas precisaram ter um alinhavo para manter tudo no lugar, coisa que eu não tenho preguiça de fazer. Escolher materiais e ferramentas adequadas também faz a diferença: colocar uma agulha novinha na máquina e usar os alfinetes mais delicados que tenho (os mais curtos e sem cabeça, mas com a ponta bem delicada, dá para ver aqui) para não puxar fios durante o processo.

Estava sendo uma semana muito pesada, com acontecimentos esquisitos/ruins na região onde eu moro. O clima estava pesado e eu aproveitei para me concentrar na camisa para não me deixar contagiar pelo baixo astral que estava rolando. Nem vou entrar em detalhes pois acho que não vale a pena, mas enfim, era uma semana bem estranha.

Fechei as laterais e os ombros da camisa com costura inglesa. Deixei apenas as mangas com costuras “normais”, mas acho que vou fazer os acabamentos delas com viés do próprio tecido, sabe?

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Quando eu estava quase terminando, faltava só fazer as casas e depois pregar os botões, começaram a chegar as notícias dos atentados em Paris. Eu e o marido estávamos com passagens marcadas para ir para lá dois dias depois. Lembro que parei os trabalhos para acompanhar o noticiário, lembro bem o choque enorme de ver que a casa de shows onde mais pessoas foram atingidas ficava a 700 metros do hotel que tínhamos reservado, que as fronteiras estavam fechadas.

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Botões vintage do último Armarinho Vintage do Superziper.

Fiquei muito atordoada, pois eu e o marido amamos ir a shows de rock e imaginei que sim, eu poderia ser uma daquelas pessoas. A certeza de uma viagem tão desejada (ainda mais depois de uma semana ruim) deixou de existir naquele momento de pânico geral.

Acabei deixando o noticiário de lado para terminar a camisa, para concentrar as minhas atenções em outra coisa pelo menos por um pouco de tempo. Coloquei os botões e a minha etiqueta (o toque final) sem saber se a usaria na semana seguinte, como era o programado.

No sábado, tocamos os nossos compromissos, sem saber ainda o que fazer. À noite, fomos ao show do Pearl Jam (tá vendo? Eu e o marido estávamos num show de rock, como acontece com frequência), que foi muito emocionante por conta do que havia acontecido.

Foi bom para tirar um pouco da nossa atenção e, quem sabe, ajudar a resolver o que fazer. Quando fomos dormir, já sabíamos que o congresso que o marido iria participar estava mantido e que a companhia aérea estava com os vôos normalizados. E nós não conseguíamos decidir se iríamos ou não.

No domingo de manhã, resolvemos ir, depois de falarmos com as nossas famílias. Eles nos apoiaram na decisão de ir e saímos correndo para fazer as malas. Coloquei minha querida camisa entre as outras roupas, com o sentimento de missão cumprida, por mais estranha que fosse a atmosfera daqueles dias.

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Camisa acinturada, com mangas longas e franzidas no punho, gola com pé. Tudo o que eu tinha direito!

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Aqui dá pra ver bem a estampa!

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Punhos fofos!

Chegamos em Paris na 2a feira pela manhã, dia em que os comércios estavam abertos e as pessoas estavam voltando a sair na rua. Sentimos confiança de tocar a viagem já que estávamos lá, com algumas modificações de última hora como evitar aglomerações de gente e ficar preparados para detectores de metal e revistas de bolsas em quase todos os lugares.

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Primeiro dia, na Place des Vosges.

Eu sempre penso que as roupas que costuro tem suas histórias únicas. E essa camisa sempre vai me trazer essas lembranças de como foi gostoso e trabalhoso de fazer, também de onde eu queria levá-la, mas não quero associá-la aos acontecimentos ruins durante a execução dela. Os próximos posts serão sobre a viagem e por isso quis começar por contar o que aconteceu antes, por mais que ainda seja um pouco difícil, mesmo indo e voltando em segurança, para mim estes atentados serão acontecimentos com que dificilmente vou me conformar. Enfim, como eu sempre digo, viajar é bom, mas voltar para casa é ainda melhor!

Dias depois eu usei a camisa, logo menos mostro aqui. É uma das coisas que eu mais gostei de costurar, ainda mais por ter desenvolvido a modelagem dela!

Beijos!

Como é o meu vestir em 2023
10 anos de blog – O que vem depois?
Look do dia: Vestido estampado de barcos!

Olá!

O molde do vestido Dahlia (da Colette Patterns) estava comprado e guardado faz tempo, já tinha um tecido Liberty lindo para fazê-lo, mas esperei emagrecer para colocar as mãos de vez neste projeto. Foi uma espera de quase um ano, mas valeu a pena!

Foi bem rápido para montar este vestido. Não fiz grandes alterações no molde, apenas fechei a saia nas costas, sem fazer a fenda sobreposta pois achei desnecessário, já que a saia não é afunilada. Desta forma, eliminei também a costura central da saia, cortando o tecido na dobra. Ficou bom pois acompanhou a parte de cima, também sem costura central.

O que eu mais gosto deste vestido é que as pences foram quase todas substituídas por franzidos bem localizados na saia e na parte superior da frente da peça. No meu caso ficou bom pois dá um equilíbrio bem legal entre meu pouco busto e muito quadril!

A peça é acinturada na medida e na altura certa e os meus braços ficaram bem acomodados nas mangas raglan, que ainda por cima são super fáceis de costurar.

Outra modificação em relação às instruções é que eu coloquei o viés todo à máquina, por dois motivos:
1. Pressa/ansiedade para acabar logo (rs)
2. Como o tecido é bastante estampado, achei que não se faria notar tanto se os acabamentos não fossem feitos à mão.

Falando sobre o tecido, este é mais um algodão Liberty que estava guardado esperando a hora certa de ver a tesoura. Sim, é Liberty, mas não tem florzinhas! São caravelazinhas lindas em um fundo claro, muito amor!

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Como sempre, costumo usar muito este vestido com tênis, neste caso branco, assim mantenho tudo bem clarinho. Outras companhias perfeitas para este vestido tão fofo e feminino têm sido a minha amada jaqueta jeans e a bandana vermelha amarrada na bolsa de sempre, deixando tudo com um toque dos anos 90 que eu amo!

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Vestido: tecido de algodão Liberty (Londres), molde do vestido Dahlia da Colette Patterns (EUA).
Tênis: All Star
Jaqueta Jeans: GAP

Eu tenho planos de repetir este molde para fazer uma versão para o frio, com um tecido mais encorpadinho. Quem sabe não uso a lã roxa que restou da capa que fiz ano passado? Mas vou pensar nisso só ano que vem, rs!

Este vestido virou um dos meus xodós mais recentes, uso muito!

Beijos!

Como é o meu vestir em 2023
10 anos de blog – O que vem depois?
Look do dia: Top Cropped!

Olá!

Uma das peças que eu queria muito fazer desde que vi pela primeira vez foi esse top cropped. O modelo Astoria está na revista Seamwork de abril e chamou minha atenção de cara por ser curto, mas não curto o suficiente para mostrar a barriga. Ele combinava lindamente com uma saia levinha e rodada, que está na mesma edição.

Na mesma hora resolvi que queria ter um top desses, de moletom, como vi na modelo. Mas antes de comprar o moletom cinza mescla super básico eu encontrei essa malha maravilhosa na Dona Dani. Então resolvi fazer dois, rs!

Uma questão que estou procurando resolver no meu armário é que eu tenho várias camisetas, vários casaquinhos (que estou enjoada deles, aliás) e depois são só casacos mais pesados. Não tenho quase nada mais quentinho que não seja casaquinho, que não seja blusa aberta, por isso a produção recente de blusas de manga comprida ou 3/4.

A malha que comprei na Dona Dani chama-se Suit Wall (composta por 55% Viscose, 24% Poliamida, 18% Poliéster e 3% Elastano), tem essa estampa gráfica bem pequena e um leve brilho na parte cinza. Imaginei uma blusa mais arrumadinha com ela, por isso as mangas compridas.

A blusa veste super bem, mas fica bem justa no corpo. Então achei que seria uma boa usar com partes de baixo mais amplas, com cintura alta (por motivos óbvios de não mostrar a barriga existente, rs). O que eu achei mais legal é que este é um tipo de roupa que eu não imaginava que queria usar. A blusa acabou sendo interessante exatamente por acabar na linha da cintura e não acima. Assim, nada que eu não queira vai aparecer!

Depois de contar o raciocínio todo por trás da blusa, vamos ao look?

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Top Cropped: Malha Suit Wall comprada na loja Dona Dani (SP), molde Astoria da revista Seamwork de abril/2015 (EUA).
Saia plissada: American Apparel
Bota: Luisa Perea
Anel: Camila Klein
Batom: Berry Noir (Contem 1g)

Dias depois, combinei o top com uma saia godê de algodão levinho. Esta saia andava parada por não ter uma blusa que disfarce o cós dela que não é muito bonito. Eu fiz alguma coisa de errado nela e não deu para colocar um cós bonitinho e zíper. Aí apelei para o elástico, mas não ficou o cós mais bonito do mundo. Não é que essa blusa resolveu direitinho? E eu adorei combinar com tênis!

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Top Cropped: Malha Suit Wall comprada na loja Dona Dani (SP), molde Astoria da revista Seamwork de abril/2015 (EUA).
Saia godê: tecido de algodão Liberty (Londres), renda de algodão Tissus Reine (Paris)
Tênis: Nike

Estou muito feliz por ter feito esta blusa! Gostou?
Beijos!

Como é o meu vestir em 2023
10 anos de blog – O que vem depois?
Katia Linden
Sou de São Paulo, publicitária de formação, professora de costura por paixão e escolhas da vida. Sou também várias outras coisas por convicção: feminista, mãe de cachorros, tatuada, amante de música, viciada em Grey's Anatomy, costureira, modelista, consultora de estilo e (também, ufa) autora deste blog.
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Um manifesto para 2022
Vencendo a minha maior resistência: vender!