Nesses tempos de reclusão, assisti um documentário sobre os Beastie Boys no Apple TV+. Era uma noite de sábado, eu tinha feito uma baita faxina em casa na véspera e me dei o dia para descansar. Me empolguei com o documentário e com as músicas e acabei bebendo mais vinho do que deveria (o que me fez passar mal de madrugada e amargar uma baita ressaca no dia seguinte, remediada pelo café da manhã gigante que eu pedi no delivery da padaria, rs).
Nesse tempinho, ouvindo música e conhecendo mais sobre uma banda que adoro, me passou pela cabeça que esse meu encantamento pelo mundo musical mesmo que eu não saiba tocar nada tenha mais a ver com o fato de muitas histórias serem de pessoas comuns e que se encontraram nas suas artes. E através delas, ganharam o mundo com todo tipo de coisa que vem junto (boas e ruins). Eu sigo fascinada.
E aí que eu estava nesse momento bêbado-emotivo e comecei a ter as minhas epifanias, hahahaha. Uma delas é que eu queria postar no blog roupas que nunca apareceram aqui, seja porque lá atrás não tinha post específico para isso ou porque a peça foi feita no meu “limbo de posts” de 2018 até três meses atrás.
O plano é resgatar essas peças e dar a devida “estreia” para elas, em plena quarentena mesmo. Assim, eu tiraria o atraso em relação ao conteúdo. Eu já tinha feito isso com a mula sem cabeça em tricô, na Páscoa, mas não foi nada planejado, rs. Já me vi então com o vestido de paetês em casa mesmo que costurei para o último Reveillón, até porque sabe-se lá quando terei oportunidade de usá-lo na rua de novo.
Enfim, um vestido que logo veio à cabeça para começar foi este bicolor que costurei em 2015. Achar algo sobre ele em meio a tantos posts levou um tempinho, mas achei, tá aqui.
Um vestido que ficou guardado por anos
Eu lembro que este vestido surgiu de um projeto que eu e a Tati da Fonfinfan resolvemos encarar juntas em 2015 para testar um método de modelagem que ela tinha comprado o material. Como temos corpos e alturas bem diferentes uma da outra, seria uma boa oportunidade para testar se o método funcionava mesmo. Combinamos de fazer um mesmo vestido, de modelagem bem bonita com detalhes que gostei muito na época: corte princesa, bolsos que eram formados pelas laterais deste mesmo corte princesa, mangas curtas e comprimento no joelho.
(Clique em uma das fotos da galeria para ver em tela cheia!)
Decote arrematado com viés
Gosto tanto desse bolso!
Fechamento com zíper invisível no centro das costas
Na época eu já notava que precisava rebaixar um pouco os decotes de alguns moldes pois acabavam me “enforcando”. Ao fazer isso, desprezei o molde do revel e fiquei com preguiça de fazer outro (aff, coisa tão fácil de resolver, rs). Fiz o acabamento do decote com um viés bem bonito, mas que hoje acho que não combina taaaaanto assim com o modelo. Não colocar revel também deixou o decote meio molengo, coisa que hoje eu não gosto também. Mas são 5 anos a mais de experiência para poder tirar essas conclusões. Na época eu não tinha essa noção e a execução da peça está bem boa!
As mangas têm um franzidinho de leve e hoje eu também não deixaria assim. Ou seja, eliminaria esses pequenos detalhes românticos, que não combinam mais comigo e que eu acho que não combinam com o modelo também.
Amo os bolsos do vestido, mas hoje em dia eu teria feito mais fundos, para ficarem mais funcionais. Por exemplo, consegui colocar a chave do carro no bolso, já o celular não.
Até hoje amo a combinação dos tecidos de cores coordenadas (comprados juntos em tempos de composês para Patchwork).
(Gente, como eu estou sendo crítica! Hahaha! Sim, se fosse hoje o vestido seria feito com essas modificações, mas eu gosto dele como está, viu?)
Por que ficou guardado?
Em 2015, o vestido foi usado uma vez só. Ficou certinho (praticamente justo) no quadril. Lembro que essa foi minha crítica ao tal método na época (não lembro o nome do método de jeito nenhum, rs). Aí era só sentar e levantar uma vez que começava aquela história de ficar puxando o vestido pra baixo, além de amassar muito por ser de tricoline. Hoje em dia eu teria feito em algum tecido estruturado, mas que não amarrotasse tanto. Meu ex marido até chegou a fotografar um look do dia na época só que, por conta dos amassados que eu contei, não usei as fotos.
Depois eu engordei um tanto e o vestido não serviu mais. Ficou esquecido até o final de 2017, quando eu fiz a consultoria de estilo. Por conta da cor e da modelagem terem potencial de eu voltar a usar, ficou numa gaveta com mais peças que poderiam voltar para o armário como aquele meu macacão preto estampado.
No final de 2018, fiz um update da consultoria com a Evlyn Pires (beijo, amiga!), que tinha acompanhado a Cris na primeira consultoria. Ela já conhecia bem meu armário e tudo mais. Algumas poucas e boas compras, uma nova revitalização e o resgate das peças que eu já tinha para poder montar novos looks que fizessem sentido para mim dali em diante.
Eu tinha emagrecido bastante e o vestido serviu de novo. Na montagem de looks eu já fiquei muito feliz em vê-lo como uma nova possibilidade no meu armário. É a mesma sensação de ter feito ou comprado uma roupa novinha em folha!
Toda feliz, “comprando” uma peça nova no meu próprio armário!
Era uma vez uma sala amarela (que hoje em dia é cinza)
Lembro que, pouco tempo depois, no começo de 2019, usei o vestido numa reunião da Craft Gang com a participação da Vivi Basile e antes da Cris Akemi ir para o Japão. A Vivi até fotografou o look para mim nesse dia, mas eu tinha derrubado chocolate no vestido e estava difícil disfarçar, hahaha.
Look do Dia
Sei lá porque, mas o vestido ficou guardado de novo durante 2019. Se bobear, eu estava sendo cri-cri a respeito das coisas que mencionei mais acima e deixando de lado que o conjunto da obra é muito bom. Ao dar aquela geral no fim do ano, na virada para 2020, eu quis mantê-lo no armário. E agora ele saiu pra passear em meio a pandemia. Fui à terapia (sim, teve mais uma sessão presencial depois daquela que contei aqui. Agora sigo de novo com o atendimento online). Eu precisava resgatar a vontade de me cuidar de novo, de me arrumar. Nesse dia eu me maquiei e, mesmo usando máscara, por baixo dela eu estava de batom vermelho.
De lá, fui ao supermercado e ao posto de gasolina. Eu faço isso, de sair para fazer o máximo possível de uma vez só na rua e depois ficar em casa até não poder mais (ou seja, quando a geladeira fica vazia de novo).
Passei a usar batom pra dar aula online, para participar de reuniões por chamada de vídeo. Foi incrível essa mudança. Porque eu estou me arrumando de novo para mim, já que moro sozinha e o máximo de interação que tenho hoje em dia é a virtual mesmo.
Vestido de tricoline: tecidos Cris Mazzer.
Colar de cobre e linha: comprado na Alemanha (2018).
Tênis: Nike.
Máscara de tecido: feita por mim, com molde e tutorial da Patricia Cardoso.
Um adendo: o tecido do corpo do vestido deve ter sido todo utilizado na época, pois não tenho mais dele aqui. Já o tecido das laterais/bolsos eu tinha um tanto e ele foi todo transformado em máscaras de tecido. Confesso que não quis sair combinandinho no dia e acabei usando uma outra máscara, como dá pra ver na foto aí em cima, rs.
Dentro do que é possível para o momento, sigo comemorando estas pequenas conquistas!