Look do dia: “Mula sem Cabeça” em Tricô

No primeiro mês de quarentena, eu vivi o desafio (como eu acredito que tenha sido com todo mundo) de criar uma nova rotina para mim, para o meu trabalho, para meus doguinhos e para a minha casa.

Confesso que tem sido cansativo. Como eu contei no post anterior, eu moro sozinha há um tempo mas sempre contei com uma rede de apoio para manter a casa funcionando e meus filhotes bem cuidados enquanto eu estava fora. E aí eu assumi tudo que eu não fazia antes: faxina, afazeres da casa, banho dos cachorros, além de transformar o meu trabalho em online e também desenvolver alguns projetos que estavam engavetados. Desde março, estamos eu, Luke e Leia aqui confinados e eu só tenho saído só para o que eu realmente não consigo resolver online (como ir ao supermercado. A vida do “interiorrrr” do município é um tanto limitada nesse sentido).

Nos dias em que estou bem, faço faxina, trabalho como louca, faço tudo o que estiver precisando de um gás. Assim, quando a bad bate, eu me dou o direito de ficar quieta no meu canto até me recuperar dela. É tudo muito novo e eu acredito que temos que nos permitir sentir tudo pra deixar passar e aprender algo com isso.

No começo de abril eu teria viajado para Presidente Venceslau com a minha mãe. Visitaríamos a minha tia-avó por parte de pai, conhecida por todos como a tia Lili, que fez 98 anos. Nós iríamos na 6a feira Santa, logo após o tradicional almoço em família aqui em SP e voltaríamos na 2a feira pela manhã, à tempo de eu dar aula na parte da tarde. Por conta da pandemia a viagem foi cancelada, infelizmente. Passei o domingo de Páscoa em casa, com algumas barras de chocolate, rs.

A “Mula Sem Cabeça” em Tricô

Eu comecei a tricotar esta peça em maio de 2018, quando as coisas já andavam meio esquisitas por aqui. Foi o projeto que estava comigo quando o meu pai estava no hospital. Tricotei como louca nas horas em que ele estava no centro cirúrgico, tentando fazer as horas passarem mais rápido enquanto eu e a minha mãe estávamos em silêncio e tensas no quarto a espera de notícias do meu pai. Continuei a tricotar durante o meu luto tão conturbado e foi a primeira peça que terminei quando voltei a fazer aulas na Novelaria, já separada.

 

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Dia de fazer acabamento = dia feliz! #tricotakatiatricota #crochetakatiacrocheta

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O nome curioso é porque ela se parece uma regata sem a abertura do decote para passar a cabeça enquanto estamos tecendo. Mas é porque o jeito de vestir é outro, colocando a peça em outro sentido. Não consigo explicar direito e eu mesma lutei com a peça ao não lembrar como vestir no dia, depois de tê-la guardado por mais de um ano sem uso. Mas as fotos devem ajudar a entender a lógica, hahahaha! (Clique em uma das fotos da galeria para ver em tela cheia!)

Usei 4 meadas de 100g de uma lã Merino Superwash da Malabrigo chamada Arroyo, na cor 247 Whale’s Road que mescla azuis e roxos, que eu amo tanto. Usei agulha 4,5mm de tricô e fiz os acabamentos de barra e cavas em ponto baixo e depois ponto caranguejo de crochê (agulha 2,5mm e eu só sei disso pela foto acima, hahaha). É uma lã fina (tipo Sport) e a peça é toda tricotada em ponto canelado. Comprei a lã na minha última ida a Montevideo, em janeiro de 2018 (não tem post sobre essa viagem aqui no blog, mas vários outros foram escritos sobre esse lugar tão especial, é só clicar aqui).

Look de Páscoa

Como eu contei aí em cima, eu estaria viajando na Páscoa. Já tinha passado pelo almoço virtual de 6a feira Santa em família e queria me dar um outro aconchego nesse dia. Coloquei peças que tinham histórias de viagem (o tecido da calça veio de Paris, a camiseta de NY e a lã de Montevideo), arrumei o cabelo como de costume e passei batom vermelho. Em casa estou sempre descalça ou estou de chinelos quando vou na parte de fora. Então não tinha porque a foto do look ser diferente, rs.

Mula sem cabeça em tricô: Lã Arroyo – 100% Merino Superwash – da Malabrigo (Uruguai), na cor 247 Whale’s Road. Tecida com agulhas 4,5mm e acabamentos em crochê com agulha 2,5mm. Receita ensinada pela professora Solange durante as aulas na Novelaria.
Camiseta: Brooklyn General Store (NY, post da viagem aqui)
Pantacourt de Malha: molde da pantalona da revista Burda Portuguesa de 02/2012, tecido ponto Roma da Tissus Reine (Paris). Primeira aparição da pantalona aqui. Post da transformação da pantalona em pantacourt aqui

Hoje vejo os dois últimos anos como um grande movimento de ressignificar toda uma vida, passando pela minha relação com as pessoas, com a minha casa, com o meu trabalho e também com as roupas que fiz ao longo dos anos.

Feliz por, mesmo com a situação que estamos vivendo hoje em dia, encontrar aconchego nas minhas peças handmade e nas minhas memórias!

Look do Dia: Calça de Malha que virou Pantacourt!
Viagem com Costura: Brooklyn (NY)!
Um novo armário handmade para uma nova fase

Aiai… como é bom escrever sobre 2018 referindo-se a ele assim: no passado, rs! Eu tive um ano muito intenso. Em um determinado momento vi que, se eu não cuidasse do meu equilíbrio físico, mental e espiritual, eu ficaria ainda mais doente.

Explico: no começo do ano passado eu fui diagnosticada com gordura no fígado em nível moderado. Meu médico pediu na época que eu emagrecesse 20 quilos. Logo de cara, como eu pouco mudei os meus hábitos, eu não consegui. E não tem jeito, é gordura, tem que queimar e não deixar acumular mais. A diferença é que não está lá visível como uma pancinha, pneuzinho e tal…

Vieram os acontecimentos de junho em diante e eu fiquei muito mal fisicamente. Não conseguia comer ou comia e passava mal. A depressão e as crises de ansiedade ameaçaram a minha saúde por alguns meses. Ficaria um post inteiro aqui descrevendo os sintomas, mas vou me ater a dizer que perdi 8 quilos sem saúde nenhuma. Tanto é que eu repeti os exames e a condição do meu fígado não tinha mudado. Aí eu vi que tinha que fazer algo por mim. Fui caminhar com meus cachorros (no começo foi difícil pois me sentia muito fraca, mas depois peguei o embalo), cuidei da minha alimentação. Minha família me ajudou demais nesse processo, assim como algumas amigas maravilhosas também.

Perdi até agora (e espero não mais encontrar, hahaha) 18 quilos. Sendo os 10 últimos com mais saúde. Os últimos exames que fiz já mostram uma condição bem melhor. Ainda não estou 100%, mas em 2019 eu sei que chegarei lá. Passei a me sentir mais disposta e mais feliz por estar bem fisicamente. E não teve como isso não se refletir no exterior.

Cabelo novo

Isso tudo estava acontecendo e eu não me reconhecia mais ao me olhar no espelho. Em agosto eu já tinha ficado loira pois não estava mais com cabeça para manter o cabelo rosa. Em outubro, o mês da virada, eu cortei o cabelo. Foi só o corte, nem mexi na cor. Mas parece que, daquele dia em diante, eu me encontrei de novo fisicamente.

Voltei a usar batom vermelho (a melhor transgressão da minha cartela de cor totalmente fria e opaca, rs), salto alto, roupas mais curtas ou mais ajustadas ao corpo. Sei lá como explicar, essa mulher nova que estava pedindo para sair pro mundo faz tempo finalmente apareceu. Mais segura, mais livre, mais feliz.

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Cabelo novo, a volta do batom vermelho e a blusa de seda mais amada!

Roupas novas (só que não)

Passei a olhar com outros olhos para o meu armário. Resgatei peças que não me serviam há tempos ou que eu não tinha mais vontade de usar, mas que ainda estavam lá dentro. Comecei a fazer novas combinações. E tenho colocado sempre que lembro (rs) nos Stories do meu Instagram.

Aqui vão algumas fotinhos de looks, algumas clicadas no espelho mesmo, sem complicação. Pois se tem uma coisa que eu prezo hoje em dia é que as coisas fluam sem complicação, sem produção demais!

(Clique em uma das fotos para ver em tela cheia)

Um armário para a vida nova e vida real

Como eu contei nos Stories dia desses (já me segue lá no Insta? É o @katialinden), esse exercício meu de postar looks da vida real, cheio de repetecos e peças que já tenho faz tempo no armário (lembra que não costurei uma roupa nova sequer em 2018 e tricotei algumas peças apenas?) me faz pensar como eu vivo em paz com meus princípios.

Eu faço o que amo, valorizo o que tenho (usando muito o que tenho, inclusive). Esse momento de mostrar as peças é mais sobre ser testemunho de que é possível construir algo com as próprias mãos, para usar muito e de acordo com a vida que a gente leva.

Não nasci para ter uma “vida de blogueira” apesar de ter este cantinho aqui como o meu diário de bordo, como sempre digo. Prezo demais por um estilo de vida feito à mão (pode ser pelas minhas ou pelas mãos de outras pessoas), que caiba dentro da minha realidade e me deixe feliz. Assim consigo passar minha mensagem adiante, seja aqui pelo blog, pelas redes sociais ou através das aulas ou consultoria.

Passar toda esta etapa a limpo por aqui me ajuda a dar os passos seguintes, pois tem muita ideia boa para ganhar o mundo!

Beijos e até logo menos!

11 Anos de Blog!
Como é o meu vestir em 2023
Os tricôs de 2018

Como eu contei há dois posts atrás, em 2018 eu praticamente não costurei, mas bordei e tricotei bastante. O apanhado de hoje então é dos tricôs que terminei ano passado. Alguns renderam looks do dia, outros não. De qualquer forma, quando forem usados de novo, terão seus looks atuais devidamente registrados!

Falando nisso, estou preparando um jeito de registrar meus looks sozinha, em casa mesmo. Quero descomplicar essa parte assim eu consigo preparar esse tipo de conteúdo mais rápido. Lógico que vez ou outra eu poderei contar com alguém que registre para mim, mas quero estar pronta para fazer isso sozinha também.

Eu não tenho mais aquele hábito de tricotar uma hora por dia, já que a minha rotina mudou completamente. Tricoto quando dá e quanto tempo der. E está tudo bem ser assim. Esse ritual de separar uma hora para algo totalmente meu se tornou o momento em que passeio com meus cachorros. Nessa hora, não ouço música, não mexo no celular. Estou ali totalmente presente naquele momento, o que eu acredito ser praticamente uma meditação.

Foi essa uma das coisas que ajudou a reestabelecer a minha saúde e sigo assim. Lógico que toda a manualidade de pratico acaba também cumprindo esta função, mas hoje em dia tenho feito de um jeito mais livre em relação a tempo ou horário, sabe?

Bom, vamos às peças!

Blusa de lã e linho

Comecei esta blusa no final de 2017, usando esta lã linda misturada com linho que comprei no Uruguai (post aqui). A ideia era ser uma blusa para meia estação, sem ser muito fechada e também por conta da composição do fio. Amo as cores e a textura desse fio! Terminei em abril de 2018 e adorei fazê-la! Mas ela ficou um pouco grande e agora é provável que esteja enorme (rs) então não sei se ficarei com ela.

A blusa é reta na frente, com um detalhe na vertical (que são dois pontos “caídos” de propósito, rs), decote canoa, mangas japonesas e um peplum na parte de trás. O projeto é da professora Solange, que me deu aula por três anos lá na Novelaria.

Acabei usando pouco, mas tenho dois registros dela:

Blusa em Top Down (Nat Petry)

Apesar de tricotar com frequência há quase quatro anos, eu nunca tinha feito uma blusa em top down (a técnica de tricô que começa pelo decote e vai descendo, normalmente feita com agulha circular). Adorei quando a querida Nat Petry veio para SP e eu consegui fazer as aulas com ela!

A Nat explicou um jeito muito simples de fazer a blusa em top down com mangas raglan. Ela dá a base de cálculo que possibilita fazer esse modelo para qualquer tamanho de blusa, no lugar de dar uma receita. Isso foi maravilhoso!

No curso que fiz, os materiais já estavam inclusos e eu escolhi fazer nesse fio vinho lindo! Acabei a blusa em 11 dias (um recorde que eu acho que nunca mais vou quebrar, rs), numa maratona de tricô que me ajudou muito em dias difíceis que eu estava passando em julho.

Quando terminei, fiz este post no meu Instagram. Foi um dos posts mais de coração aberto (e ao mesmo tempo ferido) que já fiz.

 

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Neste tempo de recolhimento, de luto e de coração partido, tenho feito o meu melhor para silenciar um pouco a minha mente enquanto mantenho as mãos ocupadas. Em 11 dias, um recorde pra mim, fiz essa blusa em top down, que aprendi nas aulas que a @atelienatpetry deu aqui em SP recentemente. Em um momento em que me sinto tão frágil, é confortante lembrar que sou capaz de construir algo com as minhas próprias mãos. Também tenho tricotado outras peças e tenho bordado bastante. Ter as manualidades como parte do meu processo de cura não é novidade na minha vida e sei que através delas posso me expressar e correr atrás de dias melhores e mais leves. OBS: só falta esfriar pra eu conseguir estrear a blusa, né?! OBS2: estou voltando aos pouquinhos! #tricotakatiatricota #armariohandmade #fizcomanat #topdown

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Eu usei bastante esta blusa nos dias frios de inverno, mas não estava bem para fazer fotos com ela. Então, em algum momento deste ano, esta blusa vai voltar, porque eu a adoro e ficou muito linda!

Blusa de Seda e Lurex

Também comecei esta blusa no final de 2017, fui fazendo em paralelo com a primeira blusa deste post. Achei o fio muito lindo, de seda cinza com boutonê (essas pelotinhas) de lurex. Como o fio é muito lindo, não precisa de muita coisa, só trabalhar em ponto jersey mesmo.

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A blusa tem decote canoa e mangas 3/4 (que estão mais compridas agora, mas eu uso puxadinhas pra cima sem problemas). Apesar de ser uma blusa mais fechada, dá para usar num tempo mais quente pois a trama é um pouco aberta e o fio é fresco. Não tem look que não fique ajeitado com ela, já usei bastante!

Mula Sem Cabeça

Hahaha, amo esse nome! O nome é este porque, ao tricotar, parece que você está fazendo uma regata sem a abertura do decote, mas é porque o jeito de vestir é outro. Fica como se fosse um colete. Eu, que ando muito ligada em terceiras peças para complementar meus looks e já tenho muitas blusas, achei que seria uma boa pedida!

Eu tricotei minha mula sem cabeça entre maio e setembro do ano passado, usando uma lã que também trouxe da última viagem ao Uruguai (aliás, preparando este post vi que já usei praticamente tudo o que comprei lá, assim que é bom!). Assim como a blusa em top down, foi um projeto que me acompanhou em momentos muito difíceis, até mesmo enquanto o meu pai estava no hospital.

A peça é feita toda em ponto canelado, o que faz com que demore mais um pouco para ficar pronta. Eu ainda não tenho fotos da peça pronta, então em algum momento ela volta também!

 

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Dia de fazer acabamento = dia feliz! #tricotakatiatricota #crochetakatiacrocheta

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Novos tricôs para 2019

Agora eu estou trabalhando em um presente e também em uma encomenda. Aliás, preciso terminar as duas peças rapidinho! Logo menos volto com os looks das peças deste post e também mostrando estas duas peças que estão a caminho!

Bora tricotar bastante em 2o19!

Look do Dia: Blusa Cropped em Tricô (projeto Francine Lacerda)!
Acessórios para o Inverno: Gola em lã super grossa!
Katia Linden
Sou de São Paulo, publicitária de formação, professora de costura por paixão e escolhas da vida. Sou também várias outras coisas por convicção: feminista, mãe de cachorros, tatuada, amante de música, viciada em Grey's Anatomy, costureira, modelista, consultora de estilo e (também, ufa) autora deste blog.
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