Dia desses eu me peguei pensando que faz tempo que eu não escrevia as minhas crônicas cotidianas (você pode ler as outras pelas tags #escrevekatiaescreve e no salão)… Acho que foi, ultimamente, por ter sempre algum projeto pronto para mostrar ou também por ter passado um tempo sem inspiração alguma para este tipo de texto.
Aí veio a última 6a feira. Mais um dia de tempo doido em SP. Acordei cedo, aproveitei a companhia dos cachorros antes da saída para o passeio com o marido.
Fiz uma hora de tricô vendo o noticiário da manhã. Tenho adotado esta estratégia sempre que posso, chamo de modo gincana. Se o restante do dia for atribulado, pelo menos fiz mais um tiquinho da minha blusa roxa.
Sexta-feira é dia de faxina em casa. Enquanto a minha fiel escudeira Edleuza inicia a limpeza, eu arrumo as bagunças da casa, separo e coloco a roupa para lavar. Entre um afazer doméstico e outro, aviso nas redes sociais que um novo post acabava de entrar no ar no blog (este aqui, aliás).
Tomei banho, coloquei o meu vestido roxo de malha. No calor não consigo ficar com o cabelo solto, então lá fui eu fazer uma trança embutida, conquista recente, de 2017 mesmo. Sempre adorei trançar o cabelo, mas nunca consegui fazer qualquer coisa além da trancinha mais básica. Dia desses, resolvi tentar e deu certo. E aí viciei.
Fiz a minha maquiagem de sempre, com batom coloridão e o restante mais leve, peguei minha bolsa e meu material e fui fazer meu trajeto a pé+trem+metrô+metrô+Uber rumo à Novelaria. Queria fazer uma aula nesse dia pois 4a feira tinha sido feriado em SP e não tive aula, assim evitaria uma crise de abstinência, hehehe!
Na última parte do trajeto, esperando o Uber chegar, choveu forte e parou. Nesses poucos minutos, uma mulher super simpática me chama. Tiro os fones de ouvido (estou vivendo uma fase de nostalgia com Charlie Brown Jr., como eu fui feliz nos vários shows que fui da banda!) para ouví-la. Era a Luciene, leitora do blog há tempos!
Eu não sei disfarçar e fazer cara de que é a coisa mais corriqueira do mundo: ser reconhecida na rua por conta do blog. Já me aconteceu antes sim, mas eu sempre penso: até agora há pouco estava eu na minha rotina caseira, uma vida bem comum mesmo. E agora alguém super legal me reconhece por conta do blog. Me diz: como é maravilhosa essa vida costurística e craft, que proporciona que as pessoas se encontrem na vida real numa cidade enorme como SP?
Pois bem, foi rápido, mas foi intenso! Como eu contei na legenda da selfie que não podia faltar, ganhei o dia!
Cheguei na minha aula tão feliz, foi uma tarde tão boa fazendo a minha blusa de crochê que caminha devagarzinho desde o ano passado! E ainda tinha o barulhinho de chuva para curtir! Neste dia também recebi a minha encomenda de uma ovelhinha linda vinda lá do ateliê do Carlos Clavelli, de Montevideo (mostrei aqui). Meu ateliê ganhou uma moradora muito linda!
Terminada a aula, ainda muito feliz com esse dia que foi se revelando tão especial, fui ao salão fazer as unhas. Desde que abandonei o esmalte preto, tenho amado pintar as unhas de roxo bem escuro (sou 8 ou 80: ou estou com esmalte escurão ou estou sem esmalte nenhum, rs). Outra conquista de 2017: minhas unhas finalmente estão compridas, como eu sempre quis!
Purple is the new black (for me 😜). #tricotakatiatricota
Saindo de lá, fui encontrar o marido no bar preferido. Aquele bar em que os garçons te conhecem, que sabem que a gente vai querer uma porção de pastéizinhos de carne e de queijo e que eu vou querer o drink que saiu do cardápio faz tempo mas que o barman ainda prepara. Aquele aconchego fora de casa, rs! Compartilhamos como tinha sido nosso dia um com o outro, petiscamos e bebemos.
Fomos para casa, terminar o dia junto dos nossos filhotes cachorros. Precisava de mais nada, nem se eu tivesse planejado muito mais eu teria um dia tão bom!
Que todos nós tenhamos sempre dias com boas surpresas na vida!
Beijos!
18/02/2014Olá!
Eu amo morar em São Paulo, já disse isso muitas vezes por aqui. Mas uma das coisas que menos gosto é que esta cidade muitas vezes tem “cara de nada”, sabe? Você consegue definir se as construções daqui tem alguma unidade? Eu não consigo.Talvez até dê para definir, só que não sou arquiteta, mas enfim… Lógico que grandes marcos da cidade como o lindo Parque do Ibirapuera não serão descaracterizados ao longo do tempo. Mas pequenos prédios que continham traços de suas escolas arquitetônicas vão sendo demolidos para a construção de prédios “modernos”.
Lembro que aprendi na faculdade, em História da Arte, que moderno se referia ao Modernismo, depois dele houve o período pós-moderno e o que é mais recente é contemporâneo. Alguém me corrija se eu estiver errada.
Assim sendo, o contemporâneo é um tempo muito estranho para mim, com “cara de nada”. Folheio a Elle do mês e encontro matérias como “o novo grunge” e “o novo clássico”. Encontro um artigo da Folha compartilhado no Facebook sobre a demolição de um prédio moderno (este sim) que fica em frente ao salão de cabeleireiro que frequento.
Novo clássico para mim não existe. Clássico é clássico e pronto. É coisa atemporal, não tem novo ou velho. Serviu lá atrás e vai continuar servindo para sempre.
O novo grunge já está nas lojas. Mas a nova, boa, surpreeendente e (por que não) revolucionária música não está no rádio. O Grunge surgiu no começo dos anos 90 como um movimento musical, a roupa e a moda toda vieram junto. As boas músicas de hoje não fazem parte de nenhum movimento novo, como um dia foi o Punk ou foi o Grunge, são muitas releituras bem executadas de coisas boas que já existem. O mesmo diz respeito às roupas e nas roupas de hoje a releitura nem sempre é boa e nem sempre é bem executada…
Eu acredito que a liberdade de ser o que quiser e a vantagem de buscar referências facilmente nos dias de hoje causam isso. Eu já sinto falta daquela Rua Augusta “podrinha” de poucos anos atrás, sabe? Eu tenho saudades do Vegas, que também foi demolido. Mas eu gosto de quem se torna responsável por adquirir um imóvel antigo e não descaracterizá-lo para poder ganhar seu dinheiro com ele: como o bar Z Carniceria, que tem esse nome por antigamente abrigar um açougue, também na rua Augusta. Ele é simples e decorado no tema na medida. Tem uma árvore na frente, se eu não me engano tem um “orelhão” também. E daí que tampam a fachada? A bebida é boa, assim como as coxinhas da Dadá que eu amo e a música também. Sem frescura ou itens “hype”. Não precisaram abrir um negócio “moderno” para serem bons. Mas as referências antigas estão lá, sendo bem usadas na minha opinião.
Dá pra perceber a confusão? O que é antigo e que acham legal serve de referência, o que não é legal ou que não vale a pena financeiramente vai pro chão. O que vai sobrar desta década e da década anterior para contar história? Eu realmente não sei. Talvez serão os anos em que descobriram que as décadas do século passado eram interessantes, que geraram uma “cara de nada” específica.
Antes, por não ter referências tão à mão, as pessoas criavam novidades do zero, estas mesmas que são referências para nós hoje em dia. Será que vamos ter que nos isolar de novo para poder criar algo realmente novo? Ou viver em uma grande crise, momento de criar alternativas para suprir coisas que não cabem mais no cotidiano?
Eu prefiro acreditar que estamos dando dois passos para trás hoje para dar vários pra frente depois.
Seja na preservação da cidade, na moda, na educação das crianças (aliás, deve ser uma tarefa quase heróica esta última). Terminei de ler ontem um livro (vai ganhar um post ainda esta semana) que mostra coisas que as nossas mães e avós faziam, que não são nada complicadas e que foram se perdendo com o tempo. Hoje se mostram boas alternativas para uma vida mais simples e melhor.
Eu estou aqui repensando meus hábitos, dando dois passos para trás para dar muitos para frente depois e, quem sabe, deixar algo de bom para quem vier depois de mim.