Bordados da resiliência

Foram meses reclusa, vivendo e absorvendo as perdas que sofri. Chego no dia de hoje, em meu aniversário de 39 anos com muitas saudades do meu pai e criando uma nova rotina para mim, para meus cachorros e para a minha casa após me separar do Ricardo. Em algum momento, depois de mais algum distanciamento, talvez eu falarei algo mais sobre esta última parte. Por enquanto, só queria dizer que eu estou bem, de verdade.

Foi tanto tempo longe daqui do blog, no que diz respeito a contar o que tenho feito, que não sabia nem por onde começar. Resolvi então agrupar por assunto para colocar em dia e o primeiro deles é o bordado.

De algum jeito que eu não sei explicar, quando não estou bem eu paro de costurar. As últimas peças que costurei foram as capas novas para as almofadas da sala, em março (sendo que Luke fez o favor de rasgar uma delas, que preciso refazer).

Nos últimos meses acabei focando mais no tricô e nos bordados. Provavelmente por serem crafts mais portáteis e também porque fiz algumas vendas de peças tricotadas e me expressei muito através do bordado, que escolhi desde o começo do ano como a manualidade que eu queria dar mais atenção.

Bordados da Resiliência

Aos 39 anos, me vejo uma mulher mais madura, ciente da minha realidade e de quem está à minha volta e que eu posso contar. Não dizem que na hora do perrengue é que a gente sabe quem está de verdade ao nosso lado? Pois bem, apesar de reclusa eu não estive nada sozinha e sou muito grata por isso!

Eu, minha mãe e meu irmão estamos mais próximos do que nunca. Tenho amigas de toda uma vida ao meu lado, algumas delas que fazem parte da minha família e caminhamos juntas desde que nascemos. Outras pessoas se tornaram igualmente especiais mesmo tendo entrado na minha vida muito recentemente e a elas eu sou muito grata também. Nem preciso citar nomes, sei que quando elas estiverem lendo este texto irão se reconhecer nele. Todas essas pessoas fazem parte do meu processo de cura e, porque elas me levantaram quando precisei, agora eu estou de pé e só tenho a agradecer.

Pois bem, em uma das paredes de casa onde ficavam fotos do casamento, uma placa personalizada do carro que foi emoldurada e um pôster assinado pelos convidados, resolvi colocar os meus bordados dos últimos tempos. Enquanto bordei, também busquei a minha própria cura. Para mim, este momento de colocar os bordados juntos nesta parede representou a tomada da casa como sendo só minha, representou o começo de uma nova etapa, com 100% a minha cara. A casa que tinha memórias de um casal que foi feliz junto por algum tempo agora está recebendo novas memórias de uma mulher independente, feliz e que vê a vida com outros olhos.

A questão de me encontrar verdadeiramente como mulher e como uma pessoa livre, que existe além de um longo relacionamento, já estava rolando em minha vida há algum tempo. Recuperei uma autoestima que ficou guardada numa caixinha muito pequena por anos. Hoje eu me vejo muito capaz de cuidar da minha vida sozinha, da minha saúde que ficou bem afetada nos últimos tempos, da minha nova carreira que eu tanto planejei e que saiu totalmente do cronograma (e tá tudo bem isso, estou correndo atrás como nunca).

E assim, nesse exercício de viver uma nova vida, livre em vários sentidos, vou mostrar essa nova parede que ainda precisará de uns reparos e pintura por conta dos antigos furos de pregos, mas cheia de expressão de capacidade (como eu evoluí no bordado em 2018, viu?!) e de amor próprio!

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Novas lembranças reunidas!

Primavera de 83

Como eu contei aqui, eu e a Andrea Oruê nos conhecemos pessoalmente só em 2018, mas nosso contato pelas internets é bem mais antigo! Com ela fiz bordados muito significativos, como o lenço dos não namorados em junho, em que desabafei sobre a fase difícil que eu estava vivendo no meu casamento, bordando uma frase que vi no Lemonade (da rainha Beyoncé) com palavrão na minha letra cursiva fofa bem redondinha e borda de crochê.

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Lenço dos não namorados

Os craft hours viraram compromissos mensais imperdíveis e renderam mais bordados lindos, feitos num ambiente da energia maravilhosa e que renderam mais novas amizades!

O bordado recém chegado na parede é este abaixo. A Dea produziu lindas peças em uma série chamada Semente e uma delas veio morar aqui em casa neste último domingo. Resolvi me dar este bordado de presente de aniversário, tão cheio de amizade e significado! Amo o trabalho da Dea e é uma alegria imensa tê-la como amiga!

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Semente

Clube do Bordado

Voltei a bordar neste ano fazendo o Módulo 1 do Clube do Bordado (contei aqui). Agora esse bordado da retomada também mora na parede.

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Fiz um curso mais extenso no MAM com a Renata, o conteúdo era incrível! Aprendi mais pontos e até mesmo bordado em pedraria e um pouco de tapeçaria. Esse bordadinho do amor próprio é resultado de uma das aulas, assim como o bordado da minha nova marca, que foi o meu projeto pessoal de conclusão do curso.

A bandeira com a moça de cabelo rosa também é do Clube e marcou a despedida da fase do cabelo rosa, que tão bem emoldurou a minha pessoa nos últimos anos. O desafio maior foi bordar a concha em ponto cheio e com linha metalizada. Amo demais o resultado!

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O bordado mais antigo

Fiz esse bordado em ponto cruz há anos, logo que montei o ateliê aqui em casa, bem antes do blog existir. Agora vejo que o melhor lugar dele é junto com os outros, pois continuo acreditando no que ele diz.

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Uma ilustração

Conheci o trabalho da Pri Barbosa recentemente e me apaixonei de cara. Trouxe esta ilustração de uma das edições do Jardim Secreto e ainda estou com dó de deixar fora do plástico, rs! Então ela também está na minha parede da resiliência através do craft pois não merece ficar guardada!

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Outros bordados foram feitos, tem bordado ainda sem terminar. Sei que no futuro esta parede estará ainda mais preenchida, aí eu mostro de novo, sem falta!

 

Que saudade eu estava do blog!
É um presente enorme para mim retomá-lo no dia do meu aniversário!

Seguimos bem e seguimos juntas, certo?

Sobre Florescer em Pleno Inverno
Craft Hour da Primavera de 83 e um bordado pro cantinho do café!
Sobre Florescer em Pleno Inverno

Tem pouco mais de dois meses que não apareço por aqui. Tanta coisa aconteceu em aparentemente tão pouco tempo. Quem me acompanha em outros canais (principalmente no Instagram e na newsletter) já sabe que o meu pai faleceu em junho. Outras dificuldades também apareceram e eu fiquei quietinha por um tempo.

Em algum momento eu vou colocar os assuntos do blog em dia, como ter participado de um bate papo maravilhoso no stand da Burda na Mega Artesanal com mulheres maravilhosas deste nosso mundo costurístico. Esse evento me fez lembrar de como é bom estar em contato de novo com o meu propósito após uma pausa necessária. Então agora chegou a hora de contar novidades e um tiquinho de história, rs.  

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Quando eu resolvi voltar a trabalhar no ano passado, eu me sentia muito perdida. Então, me propus a mergulhar de cabeça nos traumas do meu passado. Fiz o Decola Lab e comecei a fazer terapia. Precisava destravar, ainda que tivesse aberto minha cabeça para muitos novos conhecimentos e habilidades nos últimos anos. Aprendi a costurar, tricotar, retomei o crochê e o bordado, me formei modelista e consultora de estilo. Eu tive o privilégio de poder flanar por alguns anos por entre os crafts e pelos estudos, sem grandes compromissos. Fui contando por aqui inclusive, mas não sabia o que fazer com tudo isso. 

Só depois de abrir a caixinha das minhas memórias e mexer nela até chegar ao fundo é que consegui por fim me reconhecer como uma pessoa criativamultipotencial e capaz (xô síndrome de impostora!) e as mudanças e (r)evoluções foram maiores do que eu pensei.  

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Florescendo 

Hoje sou uma pessoa que sente que finalmente está florescendo para o mundo, aos 38 anos. E que bom que isso está acontecendo agora. Não sei se suportaria as dificuldades que estou passando se eu não me sentisse tão forte internamente tão completa como me sinto agora. Ainda estou triste e frágil em alguns momentos sim, mas não me sinto menos capaz de viver minha vida. 

Esse florescimento fez com que eu passasse também a amar o meu corpo do jeito que ele é, parei de achar defeitos e “poréns” nele, tão enraizados em nossa cultura que transforma a baixa auto estima em potencial de consumo para coisas que não precisamos. Passei a me amar inteira.  

Passei a amar ser duplamente sagitariana (Sol e Lua em Sagitário, é muito fogo pra uma pessoa só, minha gente!). Vi que estava tudo bem abraçar de verdade as minhas convicções. Ao me amar como a mulher que eu sou, entendi o que era ser feminista, reconhecendo os meus privilégios e também amando e apoiando outras mulheres em suas singularidades. Vi que tinha novos obstáculos a vencer. 

Eu não sou de levantar bandeiras à toa. Defendo há tempos o minimalismo, a autoestima e a vida com mais significado através do feito à mão. Se hoje falo de feminismo abertamente, é porque acredito também. Precisamos nós todas florescer como mulheres, apoiando umas às outras em suas lutas. E, nessa jornada toda, fui abraçada, acolhida e levantada por mulheres incríveis a quem só tenho a agradecer e dizer que esse negócio de rivalidade por aqui não rolou não. 

 

Uma nova marca

Tinha que contar tudo isso pra dizer que o resultado desse mergulho é o nascimento de uma nova marca, com um visual que eu estou apaixonada! 

A criação foi da ilustradora Amanda Mol, mulher maravilhosa que captou direitinho o que eu quero transmitir: leveza, autenticidade e força ao mesmo tempo.  

E já que a assinatura é vida – estilo – handmade, eu quis tornar tudo isso mais tangível, transformando em um bordado, assim como eu fiz há um tempo atrás com o logo do blog. Fazer esse bordado com a marca nova, com a orientação especial da Renata Dania (em um curso do Clube do Bordado que fiz no MAM) foi muito importante para mim. Eu acabei me conectando ainda mais.

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Fiz um vídeo com o desenrolar do bordado, feito com muito amor e com um desafio grande de fazer aquarela em tecido pela primeira vez e também de deixar o ponto matiz bem alinhadinho e formando um discreto degradê! Amei o resultado! 

Uma homenagem a meu pai

Eu demorei muito para colocar o projeto no ar pois eu mesma me boicotava, sendo levada por uma sensação de conforto que agora vejo que era irreal. De qualquer forma, sempre entendi que o projeto era uma forma de expressão pessoal mas que podia contribuir positivamente na vida de outras mulheres e que todas nós somos únicas. 

Hoje, apresentar a marca nova e ter feito um bordado com ela me faz entender que também faz parte do meu processo de cura, já que tem meu nome e o sobrenome do meu pai, que sei que todos os dias manda uma luzinha toda especial lá de cima para mim, para minha mãe e meu irmão.  

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Meu pai Heinrich ganhou a vida através da marcenaria, fazendo lindas peças, uma a uma e com perfeição, sempre será uma referência para mim. Espero assim estar levando adiante o nome de nossa família com a mesma dedicação e empenho que ele sempre teve. Trago comigo todos os dias a lembrança do sorriso fácil e da leveza dele diante da vida, sei que meu pai quer que eu tenha muita vida pela frente e que esta vida seja abundante em todos os sentidos. E para que isso aconteça, é hora de dar este primeiro passo. Que bom que o dia de hoje chegou. 

 

Antes mesmo da primavera chegar, o inverno aqui é de florescimento! Vamos florescer juntas? 

Me conta o que achou? 

Formação em Consultoria de Estilo!
Enfim, Modelista!
5 Anos de Blog – Apoiando as Blogueiras da Resistência!

Pois bem, este amado blog completou 5 anos no último domingo. A correria por aqui tem sido tanta que eu não consegui planejar a tempo uma comemoração gostosinha, como foi no ano passado.

Confesso que sempre nessa época eu reflito sobre como é ter um blog nos dias de hoje, se eu continuo ou paro, se eu devo mudar algo.

Por que eu ainda tenho um blog?

Conversando dia desses com a querida Lu Gastal, falamos que, se chegarmos ao ponto de ninguém mais ler nossos conteúdos escritos, no mínimo a gente vai ter um belo diário de nossa trajetória. Resgatar um post antigo e rever, como bem disse a Lu, é como folhear um álbum de fotos. Concordo demais.

O blog é meu diário de bordo da caminhada na costura, nas manualidades e afins e realmente eu recorro à busca dele quando quero lembrar de algum projeto passado, quando participei de um evento ou onde achei determinado tecido. Aqui também tem um bocado de reflexões minhas, que normalmente você acha na tag #escrevekatiaescreve mas hoje em dia eu tenho reservado esse tipo de texto para as minhas newsletters (olha o merchan, rs: você já assina? Se ainda não, clica aqui e receba conteúdo exclusivo a cada duas semanas!).

Sim, as coisas foram mudando por aqui nos últimos anos. Lá atrás, nos três primeiros anos do blog, eu fazia um post de “Costuras da Semana”, com um apanhado de tudo o que eu tinha feito por aqueles dias. Ano passado virou post mensal. Hoje em dia eu deixo para mostrar o processo do que estou fazendo no meu Instagram Stories (meu insta é o @katialinden, sempre tem alguma foto de um detalhe no feed também!).

Outros blogs que começaram como pessoais acabaram tornando-se comerciais, uma vitrine dos produtos e serviços de quem o faz. Também acho lindo isso, não depender de ninguém para produzir seu próprio conteúdo comercial. Fora que essa é uma realidade cada vez mais presente nesse mundo do empreendedorismo criativo!

Eu optei por manter o blog pessoal, apesar de já ter pesquisado e ido atrás de alguns possíveis parceiros comerciais um tempo atrás. A possibilidade nunca está afastada. Fiz um projeto que inclui o blog e a conclusão dessa busca toda vai aparecer aqui em breve, olha o suspense!

Sim, eu ainda me surpreendo quando alguém me reconhece na rua por conta do blog ou me emociono quando alguém me conta que lê desde o começo. Tem gente que não perde um post e tem gente que já leu o blog inteirinho (aparece aqui nos comentários para todo mundo te conhecer)!

Ainda acho fundamental ter uma casinha própria na internet e não depender de algoritmos sempre mutantes das redes sociais. Também acho fundamental a gente encontrar nosso formato de fazer conteúdo e dar o melhor para ele (por exemplo, ainda tenho meus problemas com vídeos e estou me esforçando para reverter isso). Também acho que a gente não precisa estar presente em todas as plataformas, só nas que a gente se identifica e que a gente dá conta de fazer alguma coisa legal!

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Obrigada!

Blogueiras da Resistência

Enfim, eu acho que ter um blog nos dias de hoje é um exercício de resistência. Com o crescimento do YouTube e de redes sociais de conteúdo mais instantâneo, muitas pessoas que começaram com um blog escolheram outras plataformas para colocarem seus conteúdos para o mundo. E tá tudo bem. Cada um tem que fazer o que mais se identifica!

Eu continuo por aqui por amar escrever e fotografar, por acreditar que a gente não pode depender de uma plataforma que não é nossa para produzir conteúdo (tá tudo bem ter canal, insta e face, mas eu não deixaria meu domínio próprio por nenhum deles). Também acredito que é legal estar presente em ferramentas que permitem buscas (Aí sim o YouTube, por ser um produto do Google, aquele que tudo encontra, leva vantagem em relação às outras redes sociais).

Terminando essa reflexão toda de porque eu continuo aqui firme e forte com um blog em pleno 2018, queria recomendar a você que está aqui acompanhando tudo isso alguns blogs que adoro, que resistem (rs) e que são escritos em português, para serem mais acessíveis a todos. São blogs que ainda levam a costura ou as manualidades como um estilo de vida, como acontece por aqui. Depois me contem o que achou e, se quiser recomendar outros nos comentários, vou amar conhecer!

Lu Gastal  (que escreveu um livro lindo e que, sem saber, deu a ideia para este post)

Ma Stump – Colacorelinha (leio há tantos anos, que nem sei quando comecei. A Má fez uma consultoria para chegarmos ao formato atual do blog, sabia?)

Andrea Risério – Arthé Criações  (amiga do coração e dos crafts)

Keiko – Keikolina (presente que o DecolaLab me deu no ano passado, foi e continuará sendo meu anjo nessa caminhada empreendedora)

Denise – Calu Histórias de Artesanato  (outro presente do DecolaLab!)

Também acompanho algumas portuguesas maravilhosas que escrevem tanto em português quanto em inglês:

Rita – The Bag of the Unexpected

Magda – House of Estrela

Constança Cabral

Então, se você que gosta de visitar meu querido bloguinho, não deixe de visitar essas outras moças maravilhosas em suas casinhas virtuais!
E muito obrigada por acompanhar essa minha jornada toda!

Como foi o Encontrinho do Blog!
3 anos de blog!
Katia Linden
Sou de São Paulo, publicitária de formação, professora de costura por paixão e escolhas da vida. Sou também várias outras coisas por convicção: feminista, mãe de cachorros, tatuada, amante de música, viciada em Grey's Anatomy, costureira, modelista, consultora de estilo e (também, ufa) autora deste blog.
Sobre o Blog ⟩
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Um manifesto para 2022
Vencendo a minha maior resistência: vender!