Minha primeira camisa de seda e uma viagem diferente

Olá!

Já virou um costume meu de preparar uma peça nova de roupa às vésperas de uma viagem. Pode ser um shorts vapt-vupt para passar um feriado na praia (aqui) ou uma peça mais trabalhosa como uma jaqueta bomber forrada para uns dias de férias (aqui).

Pois bem, depois de terminar a camisa que concluía uma etapa do curso de modelagem (contei neste post), comecei o desenvolvimento de uma peça destas para mim em outubro.

Primeiro construí uma base de corpo com as minhas medidas, que não ficou certa de primeira. Na segunda tentativa deu certo. Aí, na hora de costurar e provar, particularidades do meu corpo que não estavam contempladas no papel e nos cálculos apareceram: ombros caídos e a minha corcundinha (que já melhorou muito depois de fazer Pilates desde o ano passado, mas ainda existe). Algumas alterações depois, com a ajuda da mestra Angélica, eu tinha a minha base de corpo pronta para prosseguir com os trabalhos.

2015-10-222b15-11-06-8937348

Fiz uma camisa no morin, tecido bem simples de algodão para testar o modelo da camisa. Deu tudo certo no corpo e na gola, já as mangas… Ficaram justas por conta dos meus braços gordinhos, rs!

Fui procurar uma solução nos meus livros e encontrei uma forma de aumentar o volume sem mexer na cabeça da manga no livro da Burda (já escrevi sobre ele aqui). Resolvida esta parte, tinha que escolher a manga que queria fazer: se uma manga “simples” com punho e carcela – de simples não tem nada, só é uma das mais usadas em camisas – ou se uma manga evasê para ficar franzidinha junto ao punho.

2015-11-022b16-05-53-5194063

2015-11-022b23-08-45-1121353

2015-11-052b16-38-33-1-1559475

2015-11-102b17-29-00-1-8052887

Escolhi a segunda opção e lá fui eu costurar no tecido definitivo, um crepe de seda delicado e maravilhoso da Liberty (capaz que seja o tecido mais caro que eu já tive coragem de comprar). Esta peça já faz parte das costuras que priorizei depois de pensar em uma nova paleta de cores para mim (contei sobre isso ontem – aqui).

Costurar tecidos delicados rendem o dobro de trabalho, na hora de cortar para não escorregar e na hora de costurar também. Cortei num dia e fui costurar no outro. Levei dois dias para terminar, pois fui intercalando com outras atividades “do lar”, rs. Creio que 95% das etapas precisaram ter um alinhavo para manter tudo no lugar, coisa que eu não tenho preguiça de fazer. Escolher materiais e ferramentas adequadas também faz a diferença: colocar uma agulha novinha na máquina e usar os alfinetes mais delicados que tenho (os mais curtos e sem cabeça, mas com a ponta bem delicada, dá para ver aqui) para não puxar fios durante o processo.

Estava sendo uma semana muito pesada, com acontecimentos esquisitos/ruins na região onde eu moro. O clima estava pesado e eu aproveitei para me concentrar na camisa para não me deixar contagiar pelo baixo astral que estava rolando. Nem vou entrar em detalhes pois acho que não vale a pena, mas enfim, era uma semana bem estranha.

Fechei as laterais e os ombros da camisa com costura inglesa. Deixei apenas as mangas com costuras “normais”, mas acho que vou fazer os acabamentos delas com viés do próprio tecido, sabe?

2015-11-132b19-35-17-5125771

2015-11-132b19-39-20-7582628

2015-11-132b12-45-59-2905144

Quando eu estava quase terminando, faltava só fazer as casas e depois pregar os botões, começaram a chegar as notícias dos atentados em Paris. Eu e o marido estávamos com passagens marcadas para ir para lá dois dias depois. Lembro que parei os trabalhos para acompanhar o noticiário, lembro bem o choque enorme de ver que a casa de shows onde mais pessoas foram atingidas ficava a 700 metros do hotel que tínhamos reservado, que as fronteiras estavam fechadas.

2015-10-302b09-19-39-1-8194125

Botões vintage do último Armarinho Vintage do Superziper.

Fiquei muito atordoada, pois eu e o marido amamos ir a shows de rock e imaginei que sim, eu poderia ser uma daquelas pessoas. A certeza de uma viagem tão desejada (ainda mais depois de uma semana ruim) deixou de existir naquele momento de pânico geral.

Acabei deixando o noticiário de lado para terminar a camisa, para concentrar as minhas atenções em outra coisa pelo menos por um pouco de tempo. Coloquei os botões e a minha etiqueta (o toque final) sem saber se a usaria na semana seguinte, como era o programado.

No sábado, tocamos os nossos compromissos, sem saber ainda o que fazer. À noite, fomos ao show do Pearl Jam (tá vendo? Eu e o marido estávamos num show de rock, como acontece com frequência), que foi muito emocionante por conta do que havia acontecido.

Foi bom para tirar um pouco da nossa atenção e, quem sabe, ajudar a resolver o que fazer. Quando fomos dormir, já sabíamos que o congresso que o marido iria participar estava mantido e que a companhia aérea estava com os vôos normalizados. E nós não conseguíamos decidir se iríamos ou não.

No domingo de manhã, resolvemos ir, depois de falarmos com as nossas famílias. Eles nos apoiaram na decisão de ir e saímos correndo para fazer as malas. Coloquei minha querida camisa entre as outras roupas, com o sentimento de missão cumprida, por mais estranha que fosse a atmosfera daqueles dias.

img_3852-1130981

Camisa acinturada, com mangas longas e franzidas no punho, gola com pé. Tudo o que eu tinha direito!

img_3854-6450076

Aqui dá pra ver bem a estampa!

img_3856-5055238

Punhos fofos!

Chegamos em Paris na 2a feira pela manhã, dia em que os comércios estavam abertos e as pessoas estavam voltando a sair na rua. Sentimos confiança de tocar a viagem já que estávamos lá, com algumas modificações de última hora como evitar aglomerações de gente e ficar preparados para detectores de metal e revistas de bolsas em quase todos os lugares.

img_3862-2746719

Primeiro dia, na Place des Vosges.

Eu sempre penso que as roupas que costuro tem suas histórias únicas. E essa camisa sempre vai me trazer essas lembranças de como foi gostoso e trabalhoso de fazer, também de onde eu queria levá-la, mas não quero associá-la aos acontecimentos ruins durante a execução dela. Os próximos posts serão sobre a viagem e por isso quis começar por contar o que aconteceu antes, por mais que ainda seja um pouco difícil, mesmo indo e voltando em segurança, para mim estes atentados serão acontecimentos com que dificilmente vou me conformar. Enfim, como eu sempre digo, viajar é bom, mas voltar para casa é ainda melhor!

Dias depois eu usei a camisa, logo menos mostro aqui. É uma das coisas que eu mais gostei de costurar, ainda mais por ter desenvolvido a modelagem dela!

Beijos!

Como é o meu vestir em 2023
10 anos de blog – O que vem depois?
Jardineira nova!

Olá!

Faz tempo que eu tinha vontade de fazer uma jardineira para a Julia e finalmente consegui.

Quando olhava para uma peça pronta, sempre achava que seria muito difícil, mas me surpreendi ao ver como é fácil e defino a peça simplesmente como “um prolongamento de uma calça”. E foi exatamente o que fiz!

Eu tinha uma cambraia de algodão que imita um jeans escuro e pensei em fazer uma calça para a Julia, mas queria uma calça jeans completa, com os bolsos, a barra, tudo bem tradicional.

Quando fui ver a peça de tecido notei que ia sobrar um pouco dele, que não daria para aproveitar para outra peça então me veio a idéia: porque não fazer uma jardineira? Essa peça é bastante prática, principalmente para ir a escola… acho que a criança fica bem vestida, bem protegida e precisa apenas de uma camisetinha para compor um look pra lá de charmoso.

Usei uma calça da Julia como base, adicionando 8cm na parte das costas e prolonguei a parte da frente até que ficasse com uma altura que me agradou (fiz tudo no olhômetro, provando na Julia a cada passo).

Com frente e costas cortadas parti para os bolsos, dois traseiros, no formato de bolsos de jeans e dois na frente, como os de calça, porém mais longos, para ficar bem proporcional à peça e, então, comecei a montagem.

Fiz a barra e apliquei os bolsos traseiros, montei os bolsos da frente e apliquei de modo a coincidir com as laterais, para que a costura da lateral da perna também fixasse os bolsos.

Na parte de cima, fiz um forro para dar estrutura: costurei os lados direito com direito, aparei as pontas e virei a costura para dentro. Na parte de trás, fiz uma barra larga, deixando espaço para passar um elástico. Em seguida, coloquei as alças, que fiz de fita de algodão, daquelas que utilizamos para alças de bolsas e preguei nelas os botões, fazendo também as casinhas para eles, na parte da frente da peça.

Por fim, aproveitando que essa semana a Pat fez um tutorial super bacana e fácil de barra italiana (link aqui), fiz este tipo de barra super charmoso nas pernas.

Eis aqui o resultado:

foto2b1-3577137

foto2b2-3089237

Eu adorei e, mais importante, a dona da peça também gostou e foi feliz da vida para a escola de jardineira nova!
Espero que vocês também tenham gostado, um beijo grande e até a próxima!

Ana

Look do dia – Blusa de malha com efeito tricô e mangas morcego
Look do Dia: a estreia oficial de um vestido feito em 2015!
Look do Dia – Vestido com tênis!

Ola!

Com esse calor todo que tem feito ultimamente, uma das coisas que eu mais tenho visto é look todo ou quase todo branco. Acho lindo e tem tudo a ver com o calor, só de olhar já tem cara de fresquinho.

E essa moda recente de usar vestido ou saia com tênis eu adotei há bem mais tempo, desde quando praticamente deixei de dirigir, há uns 3 anos. Não há bateção de perna e sobe e desce de transporte que resista usando salto alto, rs! Amo vestido com tênis, uso sempre e sempre procuro novas combinações do tipo para fazer.

Num passeio meio rápido com o marido e os cachorros (porque agora aqui em casa tem sido assim: ou sai todo mundo ou ninguém sai, hahaha!) eu usei uma combinação que eu já tinha testado uma vez e queria muito repetir: vestido e tênis brancos, com meu quimono preto por cima.

O dia estava fresquinho e deu muito certo! O mais legal é usar o vestido branco do ano novo combinando com outros acessórios para renovar a peça o ano todo Achei uma ótima opção pra dar uma cara diferente do look de ano novo (neste caso, de 2013/2014, post aqui) para o qual o vestido foi feito originalmente.

Para arrematar, acessórios prata, coque alto e batom vermelho, amores para toda vida e que sempre funcionam.

Lógico que só tiramos as fotos na volta, então alguns amassadinhos do senta e levanta estão presentes. #realidades
Vamos ao look?

branco1-3100160

branco3-1608015

branco4-2863738

E o quanto eu amo esse tecido de laise com desenho de paisley?

branco6-4286341

E o barrado bordado da saia também é muito amor! O forro do vestido foi feito com o mesmo tecido de fora, do lado que não tinha barrado (aproveitamento total de tecido, eu amo!)

branco7-1211419

branco8-3489969

branco9-3819856

Gostei taaaanto dessa combinação! Tem aquele tanto de detalhes que para mim é o ideal!

Vestido: tecido de laise e tecido com barrado, ambos de algodão, comprados na Idee Creativmarkt (Berlin). Molde do vestido da revista Burda portuguesa (05/2012).
Quimono: tecido importado de algodão para Patchwork comprado na Casa Belém, tutorial para fazer aqui.
Tênis: All Star
Colar: L’Oiseau Vintage
Brincos: Vivara
Anel: Camila Klein
Batom: Ruby Woo (Mac)

Gostou?
Beijos!

Como é o meu vestir em 2023
10 anos de blog – O que vem depois?
Katia Linden
Sou de São Paulo, publicitária de formação, professora de costura por paixão e escolhas da vida. Sou também várias outras coisas por convicção: feminista, mãe de cachorros, tatuada, amante de música, viciada em Grey's Anatomy, costureira, modelista, consultora de estilo e (também, ufa) autora deste blog.
Sobre o Blog ⟩
Newsletter

Assine a minha newsletter e receba novidades exclusivas por e-mail!

Insira apenas letras e espaços. Min. 2 caracteres.
Insira apenas letras e espaços. Min. 2 caracteres.
Email inválido.
Insira apenas letras e espaços. Min. 2 caracteres. (Obrigatório!)
keyboard_arrow_right
close
Um manifesto para 2022
Vencendo a minha maior resistência: vender!