2012 foi um ano muito difícil para mim. Uma crise no casamento iniciada no Natal de 2011 que levou a muitos meses de brigas. Eu descontava a minha tristeza na comida. Engordei muito e, ao não me reconhecer ao me ver no espelho (muito mais pela tristeza do que pelos quilos a mais) acabei cortando meu cabelo chanelzinho (que não funcionou pra mim, logo deixei crescer de novo. Hoje entendo que o problema não era com o que eu via no espelho.). Tinha lampejos de alegria e euforia principalmente nos shows, festivais e viagens (lembra que já falei de euforia aqui?), mas por dentro eu estava triste, me sentindo vazia e sem perspectiva. Fui estudar alemão, aprender a tocar guitarra, fazer aula de dança e segui na costura, agora pensando em fazer algumas roupas novas já que não tinha muito o que me servisse. Eu precisava ocupar o vazio que eu sentia com algo produtivo.
Foi quando eu vi que o que era mais terapêutico disso tudo pra mim era costurar, nutrir as boas relações que o universo craft já estava me trazendo e também estudar alemão como uma forma de estar mais próxima das minhas origens paternas e também de me manter próxima do lugar que roubou meu coração em 2011 (e até hoje sei que um pedaço do meu coração nunca deixou de pertencer à Alemanha, mas naquele momento eu não me sentia capaz de levar o corpo e a alma pra lá de vez).
Então, eu costurava bastante até por já ter uma máquina em casa, aprendia mais, deixava o ateliê com mais cara de ateliê. Foi um ano de contrastes: de muitas tristezas cotidianas e alegrias em alguns momentos, principalmente em viagens para Buenos Aires, Berlin (chorei por um mês direto depois de voltar) e Paris, assim como os shows de música e exposições que eu sempre amei frequentar.
Eu também passei a comprar demais: maquiagens, acessórios, coisas de costura. Roupas eu não conseguia comprar na mesma velocidade, pois meu tamanho que nem era Plus e nem era da grade “regular” não me deixava muitas opções, ao menos das coisas que eu tinha vontade de vestir. Eu tentava preencher o vazio tendo muitas coisas, algumas que nem cheguei a usar. Isso explica, por exemplo, porque eu passei a falar de minimalismo alguns anos depois. Eu já não precisava ter tanta coisa na minha vida, só o que realmente importava.
Por muito tempo evitei falar disso por achar que estaria sendo ingrata a respeito das boas coisas que vivi naquele ano. Hoje entendo que a contrapartida para ter essas alegrias era alta demais. Sei que hoje não aceitaria viver assim: tendo muitos dias ruins em função de esperar por determinados momentos bons. E assim, romantizei tudo, coisa que não faço mais (obrigada, maturidade!).
Eu vivi muitos anos praticamente me desculpando por ser inteligente, culta, comunicativa. Aceitava que eu não podia ter tudo e me desculpava por não ser boa o suficiente. Estava tudo bem não ter uma carreira ou não ter filhos porque tinha tantas outras coisas. Aceitei caber numa caixinha muito menor do que eu merecia. Hoje em dia eu acho que nenhuma caixinha me cabe, rs
Mais para o final do ano, a crise parecia ter sido resolvida. Mas algo no meu coração tinha mudado, sem dúvida. Eu precisava cuidar mais de mim, fazer mais por mim.
A sensação que eu tenho hoje é que, quando eu estive em Brasília para visitar a Vivi Basile e o ateliê que ela tinha na época com a Maila, eu tive um respiro para pensar no que eu queria para mim, sem o ruído da rotina da casa, do casamento e tudo mais, não com a consciência que eu tenho hoje, olhando com o distanciamento proporcionado pelo autoconhecimento e pelo tempo mas, de alguma forma, me senti livre.
Assim como eu voltei de Salvador em abril de 2011 com as minhas primeiras aulas de costura marcadas, voltei de Brasília em março de 2013 decidida a manter meu plano de explorar o universo dos tecidos (não só costurando) e também de iniciar o blog, pois eu queria compartilhar o que eu estava vivendo, os meus questionamentos e, enfim, manter um diário disto tudo.
Dali em diante, o resto é história já contada, rs.
Então, para contar como foi esse um ano e pouquinho, mais fotos!
2012 em fotos (Primeiro semestre)
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Janeiro: comecei o ano aprendendo a fazer um bolso interno com zíper, daqueles que ficam embutidos no forro.
Janeiro: e a bolsa caprichada que fiz com forro, bolso embutido, vivo e mais um bolso externo.
Janeiro: Saia que fiz com algodão cru e franjas para uma apresentação de dança
Janeiro: Saia que fiz com algodão cru e franjas para uma apresentação de dança.
Fevereiro: a saia foi bem aproveitada no Carnaval também!
Fevereiro: um dos cantinhos do ateliê, cada vez mais enfeitado. Os bordados eu tenho até hoje.
Fevereiro: uma foto no ateliê da Patricia Cardoso.
Fevereiro: Minha primeira barra à máquina. A altura do calcador da Velhinha me fez passar apuros, mas a barra saiu, rs
Março: estreando esta saia em Buenos Aires. Lembro que tirei o modelo de um vestido transpassado que eu tinha, fiz dupla face (um lado de bolinhas e o outro jeans).
Março: o Liberty comprado no ano anterior virou um vestido que usei muito. Tinha forro, vivo e zíper invisível.
Abril: refiz uma bolsinha de malha de metal que o Luke (um filhotão na época) comeu. A nova versão era um pouco maior para caber o celular e tinha tecido de bolinhas.
Maio: começando a fazer aulas com a professora Isamara Freire. Na foto, uma saia franzida que eu tinha feito no ano anterior (não tenho nenhuma outra foto dela).
Maio: Um dos modelos de bolsa que desenvolvi na aula da Isa. Esse período de desenvolver acessórios não durou muito, rs. O carinho pela Isa e amizade sim!
Maio: o ateliê já tinha a mesa de corte feita pelo meu pai, lembro que ficou altíssima (ele me alertou, mas quis mesmo assim. Depois, ele diminuiu uns 15cm, rs).
Maio: o ateliê também já tinha a prateleira para os livros. A cara de escritório estava indo embora aos poucos.
Maio: eu e a Ana continuávamos costurando juntas, agora na casa dela. Em um dos encontros, fizemos estas bolsinhas fofas!
2012 em fotos (Segundo semestre)
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Julho: eu lembro de começar a fazer este vestido com a Ana, mas abandonei porque a parte de cima ficou tão grande que desanimei de fazer tantos ajustes, rs. De 2013 em diante eu já saberia lidar com isso.
Julho: rodeada de tecidos lindos
Agosto: depois de ir para Berlin e Paris de novo, novos tecidos lindos vieram para casa.
Agosto: estes viraram capa dupla face para Velhinha em seguida
Agosto: o outro lado da capa. Tão linda, está na máquina até hoje.
Agosto: comprado em Paris, usado sem acabamento nenhum em um picnic épico em Berlin, este tecido xadrez virou toalha de mesa com barra caprichada na volta.
Setembro: sai a cadeira de escritório…
Setembro: entra a cadeira antiga. Está no ateliê até hoje.
Setembro: uma capa de caveiras para o iPad.
Setembro: a capa fechada. Lembro de ter ficado muito satisfeita com este projeto que fiz com a Isa.
Setembro: uma onda navy e retrô que durou muito tempo também trouxe materiais temáticos para o ateliê
Novembro: compras e mais compras em Paris.
Novembro: comprei este projeto de porta travessas para bordar em Paris, mas nunca terminei o bordado e perdi o gráfico, rs. A peça já vinha costurada e eu uso até hoje.
Novembro: uma saia godê que amei fazer!
Dezembro: meu livro preferido de todos veio morar aqui em casa. Até hoje é uma ótima fonte de consulta!
Dezembro: muitos tecidos azuis para uma pessoa só pediram um projeto para dar vazão a eles.
Dezembro: muitos viraram bandeirinhas
Dezembro: e estas bandeirinhas enfeitaram muitas festas aqui em casa.
Dezembro: fiz essa blusa para o meu aniversário mas ficou tão ruim que nunca mais usei, rs. Valeu a tentativa!
O início de 2013 em fotos
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Janeiro: vestidos para Helena e Ellen, ainda tão pequenas na época!
Janeiro: os dois vestidos juntos.
Janeiro: uma outra capa para o iPad, agora com a minha cara. Tenho até hoje, apesar do tablet não existir mais.
Janeiro: primeiro molde da Colette Patterns que montei em casa. Dois vestidos lindos saíram dali.
Janeiro: laço com um retalho do primeiro Liberty. Virou uma presilha de cabelo.
Fevereiro: mais uma vez em Londres, de volta à Liberty.
Fevereiro: Em Londres, também visitei a Cath Kidston.
Fevereiro: muitos livros novos vieram comigo na mala
Fevereiro: e estes foram os tecidos que comprei.
Fevereiro: A caneca do casamento de William e Cate que até hoje guarda as minhas tesouras, alfineteiros que trouxe de viagem também.
Fevereiro: caixa feita com forração francesa, seguindo minha ideia de explorar os tecidos além da costura.
Março: Oficina de Encadernação que fiz no Ateliê Basile
Março: Oficina de Encadernação e de costura que fiz no Ateliê Basile.
Março: Maila, eu e Vivi Basile, lá em Brasília. Comecei o blog um dia depois de voltar de lá.
Eu resolvi começar o blog também porque a minha produção estava intensa (deu pra ver como eu fiz muita coisa nesse tempo, se comparar com o post de 2011, né?!) e eu me sentia revigorada ao viver cada um desses encontros, ao fazer cada um destes projetos. Não queria que essa história se perdesse e, realmente, o blog cumpriu muito bem esta função até 2018, nos anos em que postei intensamente.
Mas eu acho que logo menos resolvo esse outro período sem registros, me empolguei, rs!
Está gostando de acompanhar esta parte da história que ainda não tinha aparecido por aqui?
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